O Partido Africano de Independência de Cabo Verde (PAICV – oposição) revelou hoje que já reencaminhou o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a privatização da TACV à Procuradoria-Geral da República e pede responsabilização política.
A informação foi avançada pelo membro da Comissão Política Nacional do PAICV, Walter Évora, durante uma conferência de imprensa, realizada hoje na Cidade da Praia.
Segundo considerou, o relatório mostra de forma “clara e inequívoca”, que o Governo mergulhou o país e a companhia aérea “num grande buraco financeiro”, permitindo que os “interesses privados do parceiro que escolheu por ajuste direto falassem mais alto do que o interesse público nacional”, negligenciado os parcos recursos do País.
“O Governo pagou avultados recursos para a preparação da privatização da TACV, 100 mil dólares de taxa inicial, mais 75 mil dólares por mês acrescidos com despesas de alojamento e viagens, para ter como resultado, um prejuízo superior a 15 milhões de contos”, afirmou Walter Évora.
De acordo com a mesma fonte, mesmo após três anos com resultados líquidos “extremamente negativos”, o Governo continuou “de forma consciente e deliberada” a insistir numa parceria estratégia que só seria rompida em 2022.
“Para além dessa pesada dimensão financeira do falhanço que foi a privatização dos TACV, há também uma dimensão humana muito negativa em todo esse processo que foi o drama em que os funcionários dos TACV foram submetidos por deslocarem as suas famílias da Cidade da Praia para residirem na ilha do Sal, desestruturando as suas vidas, para no final dessa desastrosa privatização cada funcionário ter de desenrascar o seu regresso a sua ilha” realçou.
Para o PAICV, a retirada dos TACV dos voos domésticos “foi um erro tremendo” uma vez que teve um “impacto negativo muito forte” na economia das ilhas, causando situações dramáticas em termos de evacuações médicas e deixando assim o país “totalmente dependente de interesses privados para sua interconexão”.
Um risco, que na visão do principal partido da oposição, poderá levar Cabo Verde a ficar sem ligações aéreas inter-ilhas, consequência da paragem dos voos da TACV, à semelhança do que aconteceu com a Binter.
“Foi, por isso que o PAICV submeteu à Assembleia Nacional uma resolução para que o relatório desta CPI fosse encaminhado para as instâncias judiciais para que as responsabilidades desse processo ruinoso sejam assacadas e o Parlamento diante das evidências, não tinha outra saída o que certamente deixa os cabo-verdianos muito satisfeitos”, reiterou.
Para o PAICV, enquanto não começar a haver responsabilização civil e criminal pela gestão negligente dos recursos públicos, “não haverá rigor, respeito e responsabilidade na gestão dos recursos do povo”.
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