E se por um mero acaso, imagine um futuro, em que as redes sociais funcionam como lojas de bairro: Abrem às 9h e fecham às 18h. É um mundo onde o “scrolling” sem fim tem hora marcada, e as interações digitais passam a respeitar um cronograma rígido.
"Essa noite
Eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
Foi assim:
No dia em que todas as pessoas do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado, em todo o planeta
Naquele dia ninguém saiu saiu de casa
Ninguém" - Raul Seixas
Raul Seixas, teve esse sonho há muitos anos atrás.
E se por um mero acaso, imagine um futuro, em que as redes sociais funcionam como lojas de bairro:
Abrem às 9h e fecham às 18h. É um mundo onde o “scrolling” sem fim tem hora marcada, e as interações digitais passam a respeitar um cronograma rígido.
Essa realidade parece distante, mas, e se fosse uma medida para conter os excessos do uso de redes sociais?
Será que vamos dar início a um novo renascimento ou o mundo entraria em colapso?
Vamos explorar como isso poderia afetar as nossas vidas.
Este artigo é muito pessoal. Reflete as minhas experiências enquanto programador, empresário, trabalhador para digital, pai, marido, amigo e também "consumidor" de conteúdos digitais.
1. O Renascimento das conexões reais?
Bem, acredito que haveria mais tempo para interações presenciais.
Com as redes sociais "fora do ar à noite", as pessoas seriam incentivadas a se reconectar com quem está ao seu redor.
Imagine famílias jantando sem o barulho de notificações, amigos se encontrando para longas conversas, e casais passando mais tempo de qualidade juntos, em vez de estarem fisicamente presentes, mas mentalmente em um feed de notícias. As conexões humanas poderiam ser revitalizadas.
2. Melhoria no sono e saúde mental?
Acredito que muitos poderiam finalmente dar a atenção devida ao sono. Sem a ansiedade causada por notificações durante a noite, o corpo e a mente poderiam descansar. Estudos já indicam que a exposição aos ecrãs antes de dormir, afeta a qualidade do sono. Nesta nova realidade, os ciclos circadianos seriam respeitados, e o sono saudável seria restaurado.
3. Produtividade e criatividade aumentada?
Há dias vi um talkshow na TEDx Talks da DR. Sasha Hamdani, cujo o tema é:
"How to hack your brain for better focus", traduzido de forma livre, ficaria algo: "Como hackear o seu cérebro para um melhor foco".
Para os curiosos deixo aqui link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=PBaFURjVrm0
Sasha Hamdani explora como o tédio pode impulsionar a criatividade e o foco, destacando a importância de permitir que o cérebro vagueie para acessar redes neurais menos conhecidas. Ela sugere que práticas como a "Mindlessness" é uma das forma de desbloquear e acessar a nossa maior criatividade, e produtividade ao ativar "modo padrão" do cérebro, promovendo assim a resolução de problemas.
Através da sua experiência pessoal, Hamdani defende que encontrar tempo para a mente vaguear pode melhorar significativamente a produtividade e o bem-estar mental.
O tédio é um sentimento que ninguém quer passar por. Ninguém quer estar irritado no trânsito, na fila do supermercado. Mas são esses momentos que devemos tirar para nós e pensar em formas de melhorar, comunicar e criar.
Eu, como escritor de canções, costumo dizer que só consigo escrever nas minhas horas tristes ou quando pratico o distanciamento de mim mesmo, pensando nas coisas, na vida.
1. Ansiedade e dependência?
Embora o cenário pareça positivo, acredito que muitas pessoas poderiam enfrentar dificuldades extremas com essa mudança. A realidade é que muitos já são dependentes das redes sociais. Para aqueles que se alimentam de likes e validação virtual, as horas fora das redes poderiam gerar uma sensação de isolamento, levando à ansiedade e até depressão. Alguns tentariam desesperadamente encontrar meios de burlar o sistema ou criar redes clandestinas para continuar conectados.
2. O vácuo noturno: O que fazer com tanto tempo livre?
Para uma geração que cresceu no universo digital, as horas noturnas, sem redes sociais, poderiam ser vistas como um vazio assustador. O que fazer com tanto tempo livre? O ócio poderia trazer inquietação. Embora muitos descobrissem hobbies e atividades fora do mundo virtual, outros poderiam se sentir perdidos sem o habitual escape digital.
3. Impacto nos influenciadores e nas empresas?
Sim, As redes sociais são um meio de vida para milhões de pessoas. Influenciadores, criadores de conteúdo e empresas que dependem do tráfego e interação online seriam severamente impactados. Com menos horas disponíveis para postagens e interações, muitos veriam seus rendimentos diminuírem drasticamente. A economia digital teria que se reinventar para continuar relevante e lucrativa em um ambiente com tempo limitado.
A imaginação não para por aqui:
A humanidade começaria a procurar novas formas de preencher o tempo que antes era consumido pelas redes sociais? Cidades poderiam se transformar com mais atividades noturnas: parques estariam cheios de pessoas socializando, clubes de leitura floresceriam, e até atividades ao ar livre ganhariam mais relevância?
Fica o desafio, de ser mais um Raul Seixas da era digital, e sonhar como seria esse tempo.
Até lá, seja e esteja presente!
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