
Há duas lições que podemos retirar desta crise energética: ela sublinha a crise mais geral de um Governo que não tem soluções para o País, nem visão de Estado para uma agenda de futuro da Nação cabo-verdiana; e, infelizmente, expõe um primeiro-ministro sem grandeza, uma figura menor que não dá a cara ao País e se revela um político covarde.
O dia de ontem veio comprovar o que já se sabia: as avarias são para continuar e a crise energética não tem fim à vista. E confirma que o problema não é pontual, é bem mais vasto e decorre de praticamente uma década de desinvestimento na Electra, Edec, Epec ou o que lhe queiram chamar.
O Governo de Ulisses Correia e Silva não tem (nem nunca teve) uma estratégia para o setor energético, limitou-se a intervenções casuísticas e reativas às crises, mascarando a ineficácia e a incompetência com declarações altissonantes sobre energias alternativas, transição energética e outras excitações propagandísticas desligadas da realidade vivencial dos cabo-verdianos e de quem escolheu Cabo Verde para viver e trabalhar.
Assim de repente, será difícil contabilizar os prejuízos paras as famílias, para as empresas e, principalmente, para os pequenos negócios, que esta crise energética tem provocado. Que serão de grande amplitude, isso é inegável.
O silêncio de um primeiro-ministro viajante
Neste cenário de crise prolongada (desde há três meses), é sintomático o silêncio do primeiro-ministro, que passeia pela Europa dando ares de quem estaria a mobilizar importantes recursos para o país, o que, a confirmar-se, teria reflexos práticos para além de 2026, quando o Governo já for outro e, previsivelmente, de outra cor política.
O périplo europeu de Ulisses Correia e Silva decorre de uma estratégia montada, a partir da recauchutagem governativa (dificilmente se poderá falar em remodelação), assente numa prioridade máxima estabelecida para estes tempos de crise de governação e de degradação da imagem do executivo: a propaganda como instrumento de branqueamento da incapacidade deste Governo em dar respostas eficazes e atempadas para os problemas que afetam o País.
Pese a situação de crise que se vive, em termos energéticos, na ilha de Santiago, seria suposto que, num Estado sério, as administrações do setor se demitissem em bloco - assumindo a sua incompetência e apresentando desculpas aos consumidores – e que, seguindo o exemplo, o ministro da Indústria, Comércio e Energia colocasse o seu cargo à disposição do primeiro-ministro. Mas, todos sabemos que isto não vai acontecer.
E não vai por duas razões fundamentais: 1. As demissões seriam o reconhecimento da falência das políticas públicas em matéria de energia; 2. A preocupação central desta gente, antevendo o inevitável desaire de 2026, é sacar o máximo possível ao erário público acautelando o futuro de suas vidinhas fúteis.
A crise mais geral de um Governo
Há duas lições que podemos retirar desta crise energética: ela sublinha a crise mais geral de um Governo que não tem soluções para o País, nem visão de Estado para uma agenda de futuro da Nação cabo-verdiana; e, infelizmente, expõe um primeiro-ministro sem grandeza, uma figura menor que não dá a cara ao país e se revela um político covarde.
Como se percebe, em matéria de “sabotadores” - o anátema indecente e criminoso lançado sobre os profissionais da Epec - a Polícia Judiciária só poderá identificar um: o Sabotador-mor da República, de seu nome Ulisses Correia e Silva!
A direção,
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