
A engenheira civil cabo-verdiana Verónica Pires, alerta para vulnerabilidades no sistema de abastecimento de água. A especialista, que desenvolve uma tese de doutoramento sobre multirrisco em sistemas de abastecimento de água, na Universidade de Aveiro, apresentou resultados preliminares de um estudo que aponta nesse sentido.
A engenheira civil e investigadora Verónica Pires alertou esta sexta-feira, 24, para os riscos crescentes que o sistema de abastecimento de água em Cabo Verde enfrenta devido às mudanças climáticas, às perdas elevadas na rede e ao avanço urbano descontrolado. A investigadora falava à Inforpress, à margem de uma jornada técnica da Ordem dos Engenheiros de Cabo Verde, realizada na Universidade de Santiago, em Assomada e dedicada ao tema “Água para o Desenvolvimento Sustentável”.
Segundo Verónica Pires, estes fatores podem comprometer gravemente a disponibilidade de água num futuro próximo, principalmente na cidade da Praia, onde há uma “urbanização rápida e descontrolada”.
A especialista, que desenvolve uma tese de doutoramento sobre multirrisco em sistemas de abastecimento de água na Universidade de Aveiro, apresentou resultados preliminares da sua tese, indicando que a diminuição da precipitação e o aumento da temperatura estão a reduzir a recarga de água subterrânea, tornando a dessalinização ainda mais determinante para o abastecimento.
Verónica Pires referiu, ainda, que, além das limitações naturais, a infraestrutura existente agrava o cenário, com condutas antigas, avarias constantes e “perdas significativas” de água antes de chegar aos consumidores, situação que obriga a uma gestão por zonas e provoca longos períodos sem abastecimento.
“Sistema tem de se tornar resiliente às mudanças climáticas”
“Se grande parte da água produzida se perde na rede, acabamos trabalhando muito para ter pouco. O sistema tem de se tornar resiliente às mudanças climáticas”, sustentou a investigadora.
Verónica Pires defendeu, ainda, uma maior colaboração entre investigadores e decisores políticos, considerando que o conhecimento técnico-científico pode acelerar soluções estruturantes.
C/Inforpress
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