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Quando a mentira se junta ao desespero
Entrelinhas

Quando a mentira se junta ao desespero

Sitiado nas suas impossibilidades, pois desde o início Abraão Vicente percebeu que as suas hipóteses de tomar para o seu chefe a Câmara Municipal da Praia, custe o que custar, são uma miragem, desesperado, o candidato do MpD parte, em mais um vídeo de sala de estar, para a mais deslavada mentira, antecipando aquilo que irá dizer logo que conhecidos os resultados das urnas, em 01 de dezembro, e apela à “vigilância democrática”.

É que, para Korpu Rixu, a única saída airosa (mais para o seu chefe que para o próprio) é a narrativa da fraude, da compra de votos e da utilização de recursos públicos. Porque, como é evidente, o “grande partido democrático” só poderia perder as eleições num contexto de generalizadas “ilegalidades e irregularidades” …

Teorias da conspiração

O exercício narrativo de Abraão é de uma indigência intelectual absolutamente confrangedora, ao afirmar que Francisco Carvalho não faz mais do que “desinformar” e “mentir” ao eleitorado, ao mesmo tempo que entra no terreno das teorias da conspiração (tão do agrado da extrema-direita internacional) ao sugerir que o candidato do PAICV contratou jovens para vigiarem Korpu Rixu e filmarem todos os seus passos, com a desfaçatez de o fazerem à porta da sua sede de campanha.

Acham os leitores que a insanidade conspirativa do candidato do MpD se fica por aqui? Não, estão enganados, ela não peca por defeito e está muito para além do excesso.

Alega, ainda, o Comissário-do-Governo-para-a-Cidade-da-Praia que, nos últimos anos, foram efetuadas avultadas transferências de dinheiro para associações e “grupos de interesse” próximos do presidente da autarquia da capital, e alerta as autoridades porque, nesta eleição, ninguém pode ganhar com a “força do dinheiro”.

Vindo deste candidato, só pode ser para rir, ou não tivesse o MpD, durante a sua gestão de 12 anos, entregado, contra o interesse coletivo, os serviços públicos aos seus empresários amigalhaços e transformado a tesouraria municipal no caixa dois dos alpinistas sociais que gravitam no entorno do partido.

Abraão apela, também, aos seus apoiantes para que tenham “o telefone sempre ligado” para vigiarem e denunciarem o seu adversário. Diz que há uma rede de cestas básicas e de lojas “financiadas diretamente pela Câmara Municipal” e reitera que “a sociedade não pode ser governada pela força do dinheiro”.

“Quem faz um contrato com alguém do mal, perde sempre”, diz ainda Abraão, referindo-se a quem apoia Francisco Carvalho, numa narrativa que, mais uma vez, nos faz lembrar a extrema-direita internacional e as “pessoas de bem”…

Organicamente, MpD de Ulisses é o partido da fraude

Seria fastidioso enumerar todas as fantasias propagadas pelo pobre do Abraão, e o autor destas linhas não pretende manchar, com o rosário das tristes figuras do candidato, este tão solarengo e agradável fim-de-semana prolongado dos nossos leitores.

Apenas dizer que Korpu Rixu incorre no flagrante de identificar nas costas dos outros a natureza mais orgânica do partido e do governo do seu chefe, pois é sabido que em matéria de compra de votos e de utilização de recursos públicos, este MpD de Ulisses e o seu executivo são especialistas, não se inibindo de, através dos ministérios da Família e das Finanças (entre outros), ter criado uma verdadeira rede de compra de consciências, como é sabido, e de grande eficácia nas legislativas de 2021.

Dizer, ainda, para que conste: tratando-se de um político sério e de um homem de princípios, o que não é o caso, depois da sua “denúncia”, o candidato ventoinha teria de, imediatamente, apresentar queixa-crime no Ministério Público.

Isso é que seria de homem, Abraão! Mas não é homem quem quer, é homem quem pode…

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