O problema principal do país não é a discussão sobre as versões de relatórios “A”, “B” ou “C”, assinados, homologados ou não: é sim, a realidade do desfalque de milhões dos cofres públicos e a contemporização do PM com isso enquanto milhares de cidadãos perecem à míngua pela fome e com falta de cuidados e proteção a que estaria obrigado o poder público! Enquanto o povo se indigna contra a roubalheira aos cofres públicos, ao invés do PM repudiar e condenar essa atitude vil e covarde desses malfeitores, ele, ao contrário, se coloca ao lado deles, defendendo-os contra o povo, atrás de uma cortina de dúvida sobre a alegação de uma suposta falta de autenticidade documental! Por que razão será?
A propósito da fala do PM que não reconhece a existência de um relatório tornado público pelos jornais da praça sobre a malversação do dinheiro público por parte de agentes de autoridade que lhe são próximos, lembrei-me da fábula do Burro, Tigre e do Leão.
Certa vez, conta-se uma estória que se travou uma forte discussão entre um Tigre e um Burro na selva sobre a cor da grama (relva): o Burro defendia que a cor da grama era azul enquanto o Tigre, mais esperto e inteligente retorquia dizendo, “não, Burro, a grama é verde!” Como não estava havendo um entendimento entre eles sobre a cor da grama, resolveram levar essa causa para ser julgada pelo rei da selva, sua majestade, senhor Leão. O Burro pediu ao Leão para punir o Tigre porque este estava dizendo que a cor da grama era verde. Então, o rei Leão decidiu, imediatamente, - você está correto - dando razão ao Burro, que argumentava que a cor da grama era azul, punindo o Tigre com uma pena de cinco anos de silêncio. O Burro saiu comemorando – “a grama é azul, a grama é azul, a grama é azul!!!!” O Tigre indignado com a sentença do rei dos animais perguntou: “Mestre (Rei Leão), todos sabemos que a grama é verde, por que, então, me punes?” O Rei Leão respondeu: “Te puno porque não é possível uma criatura corajosa, forte e inteligente como você, perca o seu precioso tempo, discutindo com um Burro que por mais evidências que você apresente, não será capaz de enxergar a realidade. Está cego pela sua vaidade, pelo seu ego e pela sua crença. Não perca o seu valioso tempo, porque quando a ignorância grita, a inteligência se cala!”.
Parece que o PM já foi ultrapassado pela evolução da realidade na era da pós-verdade na política desconhecendo que o discurso dele é apenas uma das muitas versões sobre a realidade de fatos que se pretende fazer vincar.
Outrora, um ex-ministro de Hitler defendia que uma mentira repetida mil vezes se tornaria verdade, demonstrando o seu apreço pela verdade. Será que o PM se tornou discípulo dessa escola?
Além das promessas repetidas sobre a criação de empregos, crescimento económico robusto, segurança pública total, agora, quando menos se esperava, surge com essa versão de desacreditar a realidade do desfalque de dinheiro público para as contas de amigos e companheiros de partido.
O problema principal do país não é a discussão sobre as versões de relatórios “A”, “B” ou “C”, assinados, homologados ou não: é sim, a realidade do desfalque de milhões dos cofres públicos e a contemporização do PM com isso enquanto milhares de cidadãos perecem à míngua pela fome e com falta de cuidados e proteção a que estaria obrigado o poder público!
Enquanto o povo se indigna contra a roubalheira aos cofres públicos, ao invés do PM repudiar e condenar essa atitude vil e covarde desses malfeitores, ele, ao contrário, se coloca ao lado deles, defendendo-os contra o povo, atrás de uma cortina de dúvida sobre a alegação de uma suposta falta de autenticidade documental! Por que razão será?
Face à relativização desses comportamentos perversos e à contemporização de práticas fraudulentas para com o trânsito ilegal de recursos públicos se evidência o nível de incompetência da administração pública nos controles administrativos admitindo que houve omissões, ou, pior ainda, conluio, se a intenção foi comissiva!
joaostav@hotmail.com
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