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20% das famílias cabo-verdianas vivem em insegurança alimentar
Sociedade

20% das famílias cabo-verdianas vivem em insegurança alimentar

O ministro da Agricultura e Ambiente disse hoje que cerca de 20 % das famílias vivem sob pressão da insegurança alimentar no país, e que outros tantos podem cair nesta situação devido à seca que ameaça o arquipélago.

Gilberto Silva fez essas considerações em declarações hoje à imprensa, na Cidade da Praia, à margem das comemorações alusivas ao Dia Mundial da Alimentação, que se assinala hoje, 16 de Outubro, sob o lema “Mudar o futuro da migração: investir em segurança alimentar e desenvolvimento rural”.

Segundo revelou o governante, dados de 2013 indicam que uma taxa de 35% de população do país é pobre, dos quais 24,2% é pobre e 9,2% se encontra em pobreza extrema, sendo que a taxa da pobreza é mais elevada no meio rural, onde o sector da agricultura emprega 22% da população activa.

Lembrou, por outro lado, que de acordo com o recenseamento agrícola de 2015, cerca de 34% da população activa no meio rural, pratica agricultura como sua ocupação e fonte de rendimento.

Neste contexto, aquele governante sublinhou que a pobreza constitui um dos principais factores da insegurança alimentar e nutricional no país, sendo certo que a vulnerabilidade existe de forma mais acentuada no meio rural.

“Sabemos todos da vulnerabilidade de Cabo Verde, e isso nos faz lembrar o poema de Jorge Barbosa que diz que a nossa terra é fértil, produz tudo, mas podemos ser apanhados pela estiagem, ou seja, a seca, adveniente de um mau ano agrícola”, sublinhou.

Entretanto, perante este cenário Gilberto Silva afirmou que as políticas públicas traçadas pelo Governo para a agricultura e o desenvolvimento rural devem reverter a situação.

Neste âmbito, sustentou que o investimento no mundo rural é crucial e que deve servir para reduzir as assimetrias, pois, não basta resolver as questões ligadas às infraestruturas de conservação de solo e água, mas também adoptar outras medidas que possam contribuir para induzir o crescimento pela via das novas tecnologias, bem como aposta forte na resiliência.

Gilberto Silva, revelou ainda, que face aos maus resultados agrícolas, estima-se que cerca de 62,3% das famílias rurais estarão em situação de vulnerabilidade, razão porque o Governo aprovou o plano de emergência para a mitigação da seca e os efeitos do mau ano agrícola.

Este plano, no valor global de 850 mil contos, está orientado em três grandes eixos: o salvamento do gado, a gestão racional da escassez de água, – pois dados indicam que mesmo a nível subterrâneo há um défice na ordem de 50% -, e a criação de emprego para as famílias afectadas.

“Dada à complexidade e urgência destas acções o plano de emergência está sendo objecto de uma forte articulação com a FAO e outras agências especializadas, entre o Governo, os municípios e organizações da sociedade civil”, deixou saber, sublinhando, por outro lado, que as negociações estão previstas para este mês.

O plano de emergência em processo de implementação irá abranger 16 mil e 200 famílias, conforme dados oficiais avançados por Gilberto Silva. Neste cenário, cada família irá receber um bolo correspondente a pouco mais de 49 mil escudos. Por mês, isto dá cerca de 4 mil escudos para cada família.

Fazendo um rácio entre a segurança alimentar e (i)migração, o ministro frisou que o país, nos últimos anos, tem sido alvo de movimentações migratórios tanto de fora como de dentro com uma taxa de 14 mil imigrantes, dos quais 61% são oriundos dos países vizinhos.

No entanto, sem dispor de dados precisos sobre a imigração interna, avançou que a nível do arquipélago apenas quatro municípios estão a crescer face à movimentação migratória, sendo eles a Cidade da Praia, e as ilhas do Sal, Boa Vista e São Vicente.

Os demais concelhos tendem a perder população, pelo que admitiu a necessidade de se reverter a situação com medidas que apoiam as pessoas a investir e residir nos seus concelhos, visto que dois terços da população cabo-verdiana vivem no meio urbano.

“A migração pode ser também encarada como parte do processo de desenvolvimento económico, que contribui para o processo de crescimento económico, melhoria de reforço e segurança alimentar e meios de subsistência nas zonas rurais”, defendeu.

Todavia, advertiu que isso só será possível caso os factores naturais forem analisados, e medidas sejam tomadas para que haja uma migração ordenada e regular, aproveitando o potencial de migração para apoiar o desenvolvimento e aumentar a resiliência das comunidades.

Com Inforpress

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