Google prepara para eliminar telefones obsoletos - texto de Carlos Sá Nogueira
Ponto de Vista

Google prepara para eliminar telefones obsoletos - texto de Carlos Sá Nogueira

 

A metáfora «aldeia global» que o filósofo e teórico de comunicação, Herbert Marshall McLuhan usara, para referir-se às novas tecnologias eletrónicas, nos anos 60, visava, entre outras coisas, semear um alerta de que estas tendem encurtar as distâncias e que o progresso tecnológico reduziria todo o planeta numa espécie de «aldeia». Ou seja, num mundo em que todos estariam, de certa forma, interligados.

McLuhan, na áurea do seu pensamento teórico a nível das Ciências da Comunicação é conhecido pela sua capacidade visionária da internet quase trinta anos antes de ser inventada. Foi, igualmente, um pioneiro nos estudos culturais e no estudo filosófico das transformações sociais provocadas pela revolução tecnológica do computador e das telecomunicações.

Este introito com McLuhan vem a propósito de um artigo do portal http://idgnow.com.br/ publicado no site da www.anacom.pt intitulado: «Como a Google pretende eliminar, de vez, o seu telefone».

Ora, depois de várias décadas da teoria de McLuhan em torno da velocidade, fluxo e poder que as informações têm na mudança sociocultural das nossas vidas, em virtude da revolução tecnológica, verificamos que a doutrina mcluhaniana é, ainda, bastante atual e recomenda-se.

Nos dias que correm, a velocidade, o fluxo e o poder das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) são, verdadeiramente, impressionantes e estão a mudar os nossos hábitos e forma de ser e de estar, nesta aldeia cada vez mais global. Como diria McLuhan «o meio é a mensagem».

E porque «o meio é a mensagem» a gigante americana de tecnologia da comunicação eletrónica – Google –, segundo o artigo que atrás citamos, quer revolucionar o mundo das comunicações através dos atuais telefones, pois considera-os «obsoletos», face às novas exigências dos utilizadores.

Mas porquê este challenge da Google? Desde logo, porque todos os smartphones comportam uma parte ‘telefone’ e outra ‘computador’. O que a Google pretende fazer, é recorrer ao Project Fi para substituir a primeira parte por uma comunicação de voz de melhor qualidade e segurança, através da telefonia IP (Internet Protocolo).

A este propósito, então, o que venha ser um smartphone, afinal? Quando o dono da Apple, Steve Jobs subiu ao palco a 9 de Janeiro de 2007, para apresentar o iPhone, como sendo um aparelho «três em um», que iria mudar a vida das pessoas, com controlos touch, um telemóvel revolucionário e uma mudança nos aparelhos que comunicavam através da Internet, fê-lo pensando no futuro da qualidade de fluxo comunicacional entre os humanos. Este seria o smartphone. Um iPod, um telemóvel e um dispositivo de comunicação através de internet.

Mas um smartphone, segundo a fonte que vimos cintando, não se resume a esses três elementos. Ele é, na verdade, composto por duas coisas: um ‘telefone’ e um ‘computador’. A parte ‘telefone’ usa as redes de voz das operadoras de dispositivos móveis para lidar com as chamadas e mensagens de texto. Já a parte ‘computador’ possui um sistema operacional, aplicativos e capacidade de se ligar à internet através de uma rede de banda larga móvel ou via Wi-Fi.

À semelhança do que aconteceu com a câmara digital, o rádio, o leitor de ebooks, a calculadora, o gravador de voz, o GPS, a bússola, a lanterna, os videogames, o despertador, o calendário, o cronómetro e dezenas de outras coisas, em que a parte «computador» dos smartphones convergiu todas estas ferramentas numa única plataforma de comunicação, os atuais «telefones» que usamos passarão a ser mediados pelo «computador». É uma questão de tempo!

A supremacia do «computador» sobre a parte do «telefone» é mais visto no mundo dos aplicativos de mensagens, que são, na maioria das vezes, melhores que a tradicional função para mensagens de texto. É que na ótica da Google, com recurso à parte do «computador» as mensagens SMS e MMS agora viajam facilmente por Wi-Fi e já não precisam da rede de voz por «telefone».

No entanto, a gigante americana vai reconhecendo que há um forte justificativo, para que a parte «telefone» de um smartphone continue. É que para a multinacional com sede em Califórnia, que está a desenvolver esta tecnologia através do Project Fi, «a rede de voz, geralmente, é mais confiável e de maior qualidade que as opções baseadas na internet». Ainda assim, a Google está trabalhar, afincadamente, para entrar no mundo pós-telefone através da compatibilidade do G Suite com Project Fi, a rede wireless lançada, recentemente, nos EUA, em parceria com as operadoras norte-americanas.

Projeto Fi

O Project Fi é o operador da rede virtual móvel (MVNO) da Google, que apresenta para os seus utilizadores uma ideia revolucionária, que consiste em alternar, automaticamente, as chamadas de voz dos telefones e ligações de dados entre diferentes operadores e entre redes de voz e Voip em Wi-Fi. Para isso, basta, segundo a gigante americana, uma antena construída especificamente e um cartão SIM personalizado, além de um software especial.

Neste momento a questão que se coloca é, que tipo de telefones os os utilizadores podem adquirir para aceder ao Google Fi? Com este hardware especial apenas os portadores de telefones Nexus 6, Nexus 5X, Nexus 6P, Pixel e Pixel XL conseguem comunicar através de Google Fi.

Entretanto, o Project Fi já fez saber que, brevemente, estará no mercado o ‘novo dispositivo compatível’.

Há uma questão óbvia que se coloca, desde logo, com o lançamento do Projeto Fi: porquê que a Google quer ser uma operadora? Afinal, a Google é conhecida como uma gigante de Internet e não uma operadora de telecomunicações. A razão é muito simples e clara: a ambição daquela multinacional de tecnologia é transmitir a comunicação para um mundo pós-telefone.

Por isso, a Google tem em marcha uma grande campanha de comunicação e marketing, em que oferece, gratuitamente, um cartão SIM Project Fi, a todos os seus clientes Fi. Com isso o cliente pode, ainda, encomendar vários cartões SIM (até nove cartões) e colocá-los num laptop, ipad, iphone ou qualquer outro dispositivo e usá-los para dados da internet, com o custo debitado na conta principal. Estes dispositivos, segundo a nossa fonte, integram, por definição, o mundo pós-telefone, porque com os dados gratuitos do Fi, os utilizadores podem fazer chamadas e enviar textos pela internet.

É que a estratégia de comunicação da Google, visa entre outras coisas, monitorizar os clientes na utilização dos dispositivos sem acesso à uma rede de voz móvel. A partir daí, saberia como agir, em caso de ajustes, pois que o objetivo da gigante americana é, justamente, assegurar a transição de telemóveis (SMS e MMS) para integrar Rich Communication Services (RCS).

Depois a Google Fi dará atenção à assistência a este mundo pós-telefone, começando pelo Voice over Long-Term Evolution (VoLTE). No mundo do fluxo e da velocidade das tecnologias de comunicação eletrónicas já se fala numa verdadeira revolução da telefonia através do Project Fi e do VoLTE.

O VoLTE é uma abordagem altamente otimizada e de melhor desempenho que o VoIP em relação ao LTE, já que oferece chamadas de melhor qualidade quando se compara com as chamadas da rede de voz nos telefones. Além de permitir a transmissão de vídeos, transferência de arquivos e outros recursos a partir de um smartphone.

Com esta pequena recensão do artigo do site da idgnow.com.br diria, à guisa de conclusão, que o futuro de Fi é telefonia IP, também chamada Voz sobre IP oi VoIP (Voice over Internet Protocol), ou, ainda, telefonia de banda larga, que consiste na conversação humana com recurso a Internet ou qualquer outra rede de computadores baseada no Protocolo de Internet, tornando a transmissão de voz mais um dos serviços suportados pela rede de dados.

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