Ministro das Finanças foi ontem à Comissão Parlamentar de Inquérito ao Novo Banco acusar o anterior Executivo pelo descalabro do banco público. “Tiveram seis anos para recapitalizar o NB e não o fizeram”, disse, exigindo responsabilização dos culpados.
Para Olavo Correia a única saída para a situação do Novo Banco era o que acabou por suceder, ou seja, o seu encerramento. “A resolução (do BCV) foi a melhor medida. Aliás, o Novo Banco nunca deveria ter sido criado, pelo que não poderíamos deixar arrastar a situação”, escreveu o governante na sua página do facebook, após prestar declarações à CPI.
Correia cota que “em 2016, os resultados foram os piores de sempre”. “Só nesse ano, foram cerca de 285 mil contos em prejuízo, o que prova que a decisão do BCV foi a mais acertada. Enquanto Ministro das Finanças, não admito que nenhum escudo dos cabo-verdianos seja irresponsavelmente gasto. Temos uma perda efectiva de 1 milhão e 250 mil contos e a perda potencial é de quase 2 milhões de contos. Só em estudos, foram gastos mais de 32 mil contos”, apontou.
O ministro afirma ainda que “o Novo Banco não tinha um modelo de negócio passível de aportar viabilidade económico-financeira. Não estaríamos a actuar bem, se colocássemos mais dinheiro dos contribuintes cabo-verdianos num banco que apenas estava a destruir valor. O Novo Banco não fazia e não faz falta nenhuma ao mercado financeiro cabo-verdiano, antes pelo contrario. E estamos a criar soluções num quadro transparente para introduzirmos mecanismos de microfinanças, em parceria com os bancos da praça”.
O governante entende, por isso, que o processo de resolução do Novo Banco foi bem conduzido, porque se evitou “qualquer contágio sobre o sistema financeiro”, e se protegeu “todos os depositantes, incluindo o INPS e principalmente as famílias cabo-verdianas”.
“Quem acabou com o Novo Banco foi o Governo anterior, tiveram seis anos para recapitalizar a instituição e não o fizeram. Um banco social é por definição detido pelas instituições da economia social. O Novo Banco não foi, não é e nem poderia ser um banco social. O banco foi criado descapitalizado e nunca foi devidamente capitalizado”, acusa Olavo Correia, para quem “as únicas vítimas deste processo são infelizmente os trabalhadores”.
“Foram vítimas da má gestão, da não capitalização do banco e do não seguimento da instituição por parte dos accionistas. Os funcionários foram, entretanto, indemnizados nos termos da lei e demos instruções para todas as estruturas quanto à sua priorização nos processos de contratação. E muitos já estão a trabalhar também em outras instituições privadas”, anuncia o ministro, que diz esperar que “as pessoas responsáveis por esta situação sejam devidamente responsabilizadas”.
Esta posição de Olavo Correia acontece depois de a anterior titular da pasta das Finanças, Cristina Duarte, ter dito também ontem à CPI que o actual Executivo foi incoerente em fecar o Novo Banco, quando poderia recapitalizá-lo como fora acordado pelos accionistas. Ideia igualmente defendida pelo último PCA do NB, António Baptista, e pelo último presidente da Comissão executiva do NB, Emanuel Gomes. Ambos disseram à CPI que o Novo Banco era viável e que estavam à espera da sua recapitalização para tirar a instituição do vermelho.
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