Esta pergunta deve apoquentar a todos os residentes em Santiago Norte, uma região com cerca de 122 mil pessoas e composta por 6 municípios. E a resposta, entre muitas, pode ser esta: o desporto está manco, coxo, sem norte para norte.
Uma outra pergunta afigura se me importante: de quem é a culpa? Não é fácil responder a esta questão, sobretudo porque a culpa aqui pode ter vários donos, a começar pelas autoridades locais, centrais, associações da sociedade civil, empresas, pessoas individuais… enfim, desportistas… a culpa aqui pode ser colectiva, embora há quem seja mais culpado que outro, em função das responsabilidades públicas e sociais que tem.
Pessoalmente sei como é difícil estar à frente de uma equipe ou de uma associação sem meios para andar, para realizar as suas actividades, por mais básicas que forem. Lembro-me da minha passagem pelo Scorpion e como era difícil encontrar um patrocinador para adquirir uma bola ou um par de equipamentos… o calvário que eram as diversas tentativas sem obter uma resposta positiva.
Quantas vezes, a resposta vinha de socapa: “o nosso foco é a selecção nacional”. Quantas vezes o bancos diziam “o nosso foco é o ambiente, já não temos meios para o desporto”. Nas seguradoras a mesma coisa. Nas casas comercias mesma coisa.
E o Governo, a quem normalmente é reservado um papel mais conciliador e onde se deposita mais confiança, responde, taxativo, “não apoiamos associações, mais sim a FCF”.
As Câmaras Municipais, estas que embora próximas das associações desportivas, não passam, entretanto, de parente pobre do poder em Cabo Verde, umas com muito esforço e sagacidade deixam cair uns míseros 5 mil escudos, outras nem isso.
E assim vai, com tudo centralizado na Praia. Os jovens de Santiago Norte sofrem na pele esta discriminação. A causa do desporto é uma causa de todos. O desporto contribui de uma forma incondicional para uma sociedade mais equilibrada, justa, unida e forte. E Cabo Verde é um estado unitário, onde todos se vinculam aos mesmos direitos e deveres. Ninguém está acima de ninguém e nenhuma região, ilha ou autarquia é mais importante que a outra
A saúde mental e física dos jovens e da sociedade em geral tem no desporto, e no futebol particularmente, um dos seus parceiros mais importantes. Há uma relação de interdependência entre o equilíbrio social e o desenvolvimento do desporto em todas as suas dimensões e valências.
Por isso, senhor presidente da FCF, Santiago Norte anseia por mais respeito da sua parte, em prol de uma sociedade sã e equilibrada. Senhores presidentes das 6 Câmaras Municipais da região, o desporto em Santiago Norte merece um bolo maior dos orçamentos municipais. O senhor ministro do Desporto, que é filho da região, precisa dispensar mais atenção ao desporto em Santiago Norte, em prol de mais igualdade e oportunidade para os jovens.
Por uma razão simples meus senhores: Porque a culpa desta situação não há-de morrer solteira!
Porque, o desporto é tão digno quanto o saneamento, o comércio, o abastecimento público, sendo uma necessidade básica como qualquer outra.
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