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Olavo Correia disse que passou acções da Tecnicil há cinco anos, mas em 2016 ainda se declarou titular
Política

Olavo Correia disse que passou acções da Tecnicil há cinco anos, mas em 2016 ainda se declarou titular

O vice-primeiro ministro e ministro das Finanças disse ontem, 13, em entrevista à TCV, que passou as acções que tinha na Tecnicil Indústria para a companheira há cinco anos. Sucede que, na declaração apresentada no Tribunal Constitucional relativa a 2016, Olavo Correia ainda constava como titular de 5% da empresa e de mais 5% como accionista da Tecnicil SGPS.

“As acções foram passadas há cinco anos para a pessoa com quem vivo em regime de união de facto não adquirido. Nem sequer estão em meu nome pessoal. Fiz a transferência por causa da segurança dos meus filhos, mas, na minha declaração de rendimentos, por uma questão de transparência, consta que essa pessoa é dona dessas acções”, disse Olavo Correia em entrevista ao programa Ponto por Ponto, da TCV, que ontem se estreiou em emissão pré-gravada.

No entanto, no registo de interesses relativo ao ano de 2016, depositado no Tribunal Constitucional, o ministro declarou-se como titular de 5% de acções na Tecnicil SGPS e de 5% na Tecnicil Indústria. Segundo apurou a agência Lusa, o nome da companheira como titular de 5% de acções da Tecnicil Indústria passou a constar apenas na declaração relativa ao ano de 2017 e entregue até 31 de Dezembro desse ano. No mesmo documento, Olavo Correia continua a declarar os 5% de participação na Tecnicil SGPS.

Olavo Correia falou, na terça-feira à noite, pela primeira vez sobre a polémica numa entrevista pré-gravada à Televisão de Cabo Verde (TCV), depois de ter recusado, publicamente e por várias vezes, responder a perguntas e de ter deixado sem resposta vários pedidos de entrevista para abordar este assunto.

Na entrevista à TCV, o governante fez questão de sublinhar que a Tecnicil Indústria “é uma empresa autónoma, que não tem nada a ver com a Tecnicil SGPS”, denunciando o que considerou ser uma tentativa de o acusar “em relação a um processo conduzido de forma clara”.

Olavo Correia disse ainda que a participação da companheira na Tecnicil Indústria é de 4,1%, sendo este, efetivamente, o valor constante na lista de accionistas da empresa publicada no Boletim Oficial de 06 de Junho de 2017. A percentagem constante na declaração do Tribunal Constitucional é, no entanto, de 5%.

Lembrando que a medida de aumento das taxas foi aprovada no parlamento também com os votos do PAICV e promulgada pelo Presidente da República, o ministro considerou “completamente incompreensível” que se tente ligar a sua pessoa à Tecnicil.

“A oposição está a pretender enfraquecer-me enquanto ministro das Finanças que tem a tutela das reformas económicas, está a pretender condicionar-me, mas estou firme. Tenho uma vida construída fora da política, não preciso da política para viver. Estou na política para servir o meu país num quadro de total transparência”, declarou.

O maior partido da oposição pediu a demissão de Olavo Correia, alegando conflito de interesses, mas o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, garantiu que o ministro não sai e que tudo não passa de “uma cabala política”.

Olavo Correia considerou ainda “uma boa medida” que o Ministério Público esteja a analisar os factos para ver se há “incumprimento do ponto de vista legal”. “Agi com total transparência e nos termos da lei. Tudo foi respeitado e é importante que rapidamente estas questões fiquem clarificadas”, acrescentou.

O ministro das Finanças e também vice-primeiro ministro, Olavo Correia, está a ser acusado pelo PAICV de favorecimento à empresa, nomeadamente através do aumento das taxas alfandegárias para os laticínios e sumos de frutas no âmbito do Orçamento do Estado.

Na origem das acusações de favorecimento está o facto de, coincidindo com o aumento dos direitos de importação dos laticínios, ter surgido no mercado cabo-verdiano uma nova marca de leite e sumos produzida pela Tecnicil Indústria, da qual Olavo Correia foi administrador até ir para o Governo. O Ministério Público abriu “um processo de averiguações” no âmbito deste caso. 

Com Inforpress e Lusa

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