Política

Continua o impasse no seio do PAICV para encontrar o substituto do demissionário João Baptista Pereira na liderança do Grupo Parlamentar. Após meses de disputa, com Démis Lobo, proposto por Rui Semedo e aprovado na Comissão Política, a ser chumbado pelos deputados, e Luis Pires, surgido da ala liderada por Janira Hopffer Almada, a ser excluído em revanche pela Comissão Política, o PAICV não conseguiu encontrar uma terceira via, um nome consensual para ambas as sensibilidades.

Isto até ao passado fim de semana, quando durante a reunião do Conselho Nacional Rui Semedo anunciou uma solução aparentemente desbloqueadora do processo e que mereceu aplausos dos conselheiros: João Baptista Pereira manter-se-ia como presidente do Grupo Parlamentar, mas teria como seus vices Démis Lobo Almeida e Luis Pires, os dois concorrentes chumbados pelas oposições internas. Quer Démis Almeida, quer Luis Pires, aceitaram o convite formulado pela direcção do partido, restando apenas preencher outras duas vagas para a vice-presidência da bancada, que deverão ser ocupadas por duas deputadas.

Mas eis que entra em cena o deputado por São Vicente, João do Carmo, que estará a efectuar contactos junto dos seus pares para concorrer sozinho à liderança do GP do PAICV, conforme relata o jornal A Nação desta quinta-feira, 22. Uma fonte do jornal chegou a afirmar que João do Carmo se tornou “neste momento o único empecilho no sentido de se conseguir esta solução, que permitiria resolver o problema da liderança parlamentar”.

Santiago Magazine tentou contactar João do Carmo mas não foi possível, já que o mesmo disse estar em plena sessão parlamentar.

Entretanto, o próprio Do Carmo confirmou ao semanário A Nação que “a maioria” dos deputados do seu partido propuseram o seu nome para a liderança do Grupo Parlamentar. Segundo o deputado sanvicentino “não há nenhuma proposta” do Rui Semedo, justificando que o líder tambarina não discutiu esta matéria com nenhum deputado antes de o levar ao Conselho Nacional. “E quem vota para a liderança do GP são os deputados”, assinalou, lembrando que não compete ao CN indicar ou aprovar a direcção da bancada e sim o próprio Grupo Parlamentar, mediante proposta da Comissão Política Nacional (a partir de um nome indicado pelo presidente do partido, segundo so estatutos dessa força política).

João do Carmo deixa com isso entender que mesmo depois de Rui Semedo apresentar e ver aprovada pela Comissão Política a sua proposta de manter João Baptista Pereira a liderar a bancada tambarina, coadjuvado por Luis Pires e Démis Almeida, esta solução esbarraria de novo nos deputados que irão, na prática, votar o seu novo presidente de bancada. Como, de resto, sucedeu em Outubro do ano passado quando Semedo levou o nome de Démis Lobo à votação pelos seus pares e foi chumbado pelo grupo encabeçado por Janira Hopffer Almada, opositora interna da actual direcção do PAICV.

O jogo tende a repetir-se, já que João do Carmo é tido como da ala janirista, retirando daí o seu núcleo de apoio para não só concorrer ao cargo de presidente do GP como inviabilizar, outra vez, uma proposta do presidente do partido.