Almada/Portugal: Imigrantes cabo-verdianos temem demolições nos bairros da Penajóia e Raposo
Diáspora

Almada/Portugal: Imigrantes cabo-verdianos temem demolições nos bairros da Penajóia e Raposo

Sem água, sem luz, sem saneamento e em construções precárias, a vida de centenas de famílias destes bairros não é fácil. Para mais, o medo de demolições a qualquer momento e sem aviso prévio, paira sobre os imigrantes que ali residem, muitos deles trabalhadores cabo-verdianos. É o caso de Danilson Borges, um trabalhador da limpeza urbana e morador no bairro de Penajoia.

A situação é de tal forma grave que a Câmara Municipal de Almada já pediu ao Governo português medidas urgentes para controlar o crescimento dos bairros de barracas e dar soluções de habitação para os moradores de Penajoia e do Raposo, alegando que estes bairros estão a prejudicar toda a população ao redor.

A informação foi avançada pelo canal de televisão SIC, que entrevistou Danilson Borges, um trabalhador cabo-verdiano residente no bairro de Penajoia.

Danilson abriu aos jornalistas a porta de sua casa, uma barrada onde reside desde há três anos, e diz que foi para Portugal à procura de uma vida melhor. No entanto, não foi o que encontrou.

Danilson foi à procura de uma vida melhor, mas não encontrou

“Não tínhamos condições de pagar renda, viemos para aqui para ter uma solução de vida melhor”, diz Danilson à reportagem da SIC, adiantando: “Estramos aqui, mas não temos água em condições, não temos luz. Seria motivo para a Câmara ou o Governo encontrassem alguma solução para nós, porque estamos aqui em Portugal, mas também colaboramos para o país”.

Danilson Borges trabalha na limpeza urbana, nas estações do Pragal e Cacilhas, ganhando o salário mínimo, francamente insuficiente para arrendar uma casa, tão-pouco para sustentar convenientemente oito pessoas de seu agregado familiar, três delas ainda crianças.

“Sem luz e sem água, como tratar as crianças (…) aquele banhinho para irem para a escola”, interroga-se Danilson. A única solução está no improviso, enchendo baldes e depósitos com água que encontram nas imediações do bairro, já que a Câmara de Almada cortou o acesso à água.

Os bairros de Penajoia e do Raposo estão a crescer rapidamente, por razão da crise de habitação, da especulação imobiliária e dos preços proibitivos das rendas.

Sério risco para a saúde pública

No que respeita a Penajoia, a autarquia diz ser um dos maiores bairros ilegais deste século. Um bairro implantado em terrenos do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), portanto, propriedade do Estado. É o próprio IHUR que, feitas as contas, diz haver, pelo menos, 800 construções informais (isto é, precárias e clandestinas), sem qualquer ligação à rede de saneamento pbásico, o que as torna um sério risco para a saúde pública. E não apenas para os moradores do bairro, mas também para a população das imediações que teve a sorte de viver em habitações legais.

À não ligação à rede pública de eletricidade, água e saneamento, junta-se o problema do aumento de resíduos sólidos. O que já levou a Câmara Municipal de Almada a endereçar uma carta ao Governo, subscrita também pelas juntas de freguesia e por 200 moradores.

Imigrantes são mão-de-obra fundamental

A autarquia aponta o dedo ao governo e ao IHRU pela falta de soluções para este problema e exige que o IHRU apresente um plano de medidas a serem implementadas rapidamente. E pede soluções de habitação para os moradores dos bairros de construções ilegais, proveniente, sobretudo, dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), uma mão-de-obra fundamental para garantir alguns serviços deficitários de recursos humanos, até por razão da emigração de milhares de portugueses que, como também os trabalhadores africanos, vão à procura de melhores salários e de uma vida melhor.

C/SIC
Fotos: Captura de imagem/SIC

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