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PAICV tenta um difícil consenso para eleger o próximo líder da Bancada Parlamentar - os nomes sobre a mesa 
Política

PAICV tenta um difícil consenso para eleger o próximo líder da Bancada Parlamentar - os nomes sobre a mesa 

Pelo menos quatro deputados estão a ser sondados como terceira via para o rejeitado Démis Lobo –  proposto pela Comissão Política e chumbado pelos seus colegas deputados – e Luis Pires, que, concorrendo à revelia e desafiando um órgão de peso como a CPN e o próprio presidente do partido, corre o real e muito provável risco de também ser vetado na Comissão Política do próximo dia 6 de Dezembro. Só que essa terceira via de consenso está também a dividir o PAICV.

Com Démis Lobo cortado pelos pares de liderar a bancada parlamentar tambarina, conforme era a vontade de Rui Semedo e aceite pela Comissão Política Nacional, o deputado foguense Luis Pires espera agora obter o aval da CPN para ser ele o indicado ao cargo, no lugar do demissionário João Baptista Pereira.

Só que não. Apesar de Rui Semedo, o presidente do PAICV e que de acordo com os Estatutos deve indicar um nome à apreciação da CPN, optar por não propor um novo nome – evitando mais um dissabor, isto é, ver uma escolha sua ser chumbada posteriormente pelos deputados – o caminho que pode parecer livre para Luis Pires, apoiado à cabeça por Janira Hopffer Almada, está minado.

Pelo menos junto dos membros da Comissão Política, que preparam a sua ‘vendetta’ dando o troco pelo facto de o antigo autarca de Sâo Filipe ter decidido concorrer à liderança da bancada parlamentar contra os Estatutos e contra uma deliberação da própria CPN, sendo um dos argumentos, repetido vezes sem conta pelos seus apoiantes, de que não aceitam um candidato imposto pela direcção do partido, que seria démis Lobo – Carlos Tavares, presidente da Comissão política Regional do PAICV e mandatário de Luis Pires na corrida à liderança do GP disse inclusive que “os deputados não são pedra nem viga”, reagindo a um artigo de Fábio Vieira, edil dos Mosteiros para quem o chumbo de Démis Lobo representa “a vitória de uma casta que capturou e transformou o PAICV em outra coisa e muito menos partido político”, indirecta para JHA.

Recorde-se que a candidatura de Luis Pires para a presidência do Grupo Parlamentar do PAICV, cuja votação aconteceu no passado dia 6, não foi aceite pela Mesa porque o presidente do partido Rui Semedo alegou tratar-se de uma violação dos Estatutos, pelo que a Comissão eleitoral, presidida por Paula Moeda, teve que colocar à votação apenas a proposta única da Comissão Política Nacional. E aí, Démis Lobo perdeu com 18 votos contra e 12 a favor.

Uma terceira via, que não a proposta inicial a favor de Démis Lobo, nem a de Luis Pires, candidato da hoje clara ala adversária de Rui Semedo numa eventual disputa pela liderança do PAICV, começou então a ser cozinhada. Na verdade, logo após o chumbo de Lobo na eleição entre os deputados, Semedo prometera dialogar com Janira Hopffer Almada nesse sentido, posição que, mesmo parecendo sensata, revelava um líder fragilizado, em cacos, que assumiu as culpas pela derrota de Démis Lobo e que se viu na obrigatoriedade de ter de ir negociar um nome com alguém (JHA) que ele mesmo acusou de interferir no processo, mas que tecnicamente é uma militante de base, se bem que ainda com grande poder de influência.

É neste baile de máscaras que o PAICV espera conseguir consenso em torno de um nome para liderar a bancada parlamentar. António Fernandes, Carla Carvalho, Clóvis Silva e Francisco Pereira são os nomes de quem se fala.

Entre eles busca-se, mais do que o simples eleger do presidente do Grupo Parlamentar, uma personalidade que consiga aglutinar a fragmentada bancada paicvista e o próprio partido nas antevésperas da eleição interna para a escolha do próximo presidente do PAICV. A luta nos bastidores continua acirrada, as cartas estão a ser redistribuídas.

Dia 6 de Dezembro há exame no PAICV, na mais aguardada CPN. Sim, porque de repente a disputa pela presidência do Grupo Parlamentar do PAICV ganhou uma importância sem precedentes na história parlamentar dos tambarinas, com golpes, traições, fogo amigo e vinganças a tomarem conta da sua sala-de-estar. E de repente o verniz da paz interna estalou, a unidade desfez-se, a luta pela liderança do PAICV escancarou-se.

 

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SOBRE O AUTOR

Hermínio Silves

Jornalista, repórter, diretor de Santiago Magazine