Estalou o verniz no PAICV. Rui Semedo, presidente do partido tambarina, veio hoje a público acusar a ex-líder, Janira Hopffer Almada, de estar por detrás da campanha no seio do Grupo Parlamentar que resultou no chumbo do nome de Démis Lobo, proposto pela Comissão política, para substituir João Baptista Pereira, na liderança da bancada parlamentar. E reconhece que “não tem apoio no Grupo Parlamentar”.
“Estaríamos a enganar a nossa cabeça. Tenho que ser franco convosco, a anterior líder tem as mãos neste processo e fê-lo claramente: organizou as pessoas, contactou as pessoas...”, afirmou Semedo esta manhã, em conferência de imprensa, onde também reconheceu a sua responsabilidade no processo. “A responsabilidade é minha porque eu é que levei a questão para a Comissão Política e não sou pessoa de fugir às minhas responsabilidades”.
Questionado se o partido não sai fragilizado com o chumbo ontem, 6, de Démis Lobo pelos deputados (18 votos contra e 12 a favor) para liderar o GP, indicação sua, Semedo respondeu: “claramente, se os deputados votaram contra, assumiram uma posição diferente da do presidente e o presidente reconhece que não tem apoio no Grupo Parlamentar”. Mas Rui Semedo afasta para já qualquer fragilidade na sua liderança, dando indicações de, apesar de estar sem a maioria dos deputados do seu lado, continuar de pedra e cal na presidência do PAICV. "Ela sabe que tenho um mandato e que vou cumpri-lo de forma estatutária até ao fim”.
“O partido tem vários rostos, tem vários recursos, tem várias sensibilidades, tem várias gerações... agora temos é de encontrar a forma de capitalizar esta diversidade. Há falhas ainda, vamos tentar trabalhar e melhorar o desempenho do partido. Eu assumo este processo como uma derrota minha e vou fazer desta derrota uma experiência para trabalhar para melhorar”, esclareceu aos jornalistas.
Rui Semedo prometeu, ainda assim, procurar dialogar com Janira Hopffer Almada, para acertarem posições antes de levar um novo nome para ser apreciado pela Comissão Política Nacional do PAICV antes de ser submetido à votação dos deputados.
Démis Lobo foi a proposta que Rui Semedo, na qualidade de presidente do partido, levou à aprovação da CPN do passado dia 19 de Outubro. Mas Luis Pires, apoiado por Janira Hopffer Almada, tida como potencial candidata à liderança novamente do PAICV, manifestou interesse no cargo e como seu nome sequer foi escrutinado pela CPN decidiu formalizar a sua candidatura, na passada sexta-feira, 3, junto da Comissão Eleitoral presidida por Paula Moeda.
Ontem, no dia da eleição, e após muita discussão e finca-pé de Semedo, a candidatura de Pires foi devolvida pela Mesa porque violava o disposto nos estatutos do partido quando diz que a escolha do líder do Grupo Parlamentar tem de ser aprovada pela CPN, após proposta do presidente, e só depois submetida à votação entre os pares na Assembleia Nacional.
No final, só Démis Lobo foi a votos, tendo obtido 12 votos a favor e 18 contra.
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