Agora, é o ministro dos Negócios Estrangeiros que vai sentar-se com Benjamin Netanyahu e dizer-lhe até onde Cabo Verde, além dos ganhos, está disposto a ceder nas relações diplomáticas com Israel.
Apesar de contestada por muitos países, que vêm pressionando o Togo para cancelar a Cimeira Israel-África, podendo inclusive não se realizar, a primeira reunião ao mais alto nível entre os líderes africanos e o Executivo de Tel-Aviv tem, para já, presença garantida de Cabo Verde.
Alheio a estas movimentações fora de portas, e mais preocupado com as investidas internas do PAICV sobre a nova política diplomática, o Governo anunciou esta sexta-feira, 11, que vai sim participar na Reunião Israel-África, a realizar-se em Outubro, em Lomé, Togo.
A informação foi avançada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, que confirmou ser ele o representante de Cabo Verde nessa Cimeira e não o presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que Benjamin Netanyahu, após o seu polémico post, tinha dado como certo no encontro de Lomé, conforme avançou o Times of Israel.
Luis Filipe Tavares disse na conferência de imprensa que, apesar das “polémicas” sobre o compromisso de Cabo Verde em “votar a favor” daquele país hebreu, é digno de se notar as excelentes relações existentes desde outrora.
Segundo o governante, energias renováveis, produção e processamento da água, agricultura, segurança, defesa e outras, são algumas das áreas, que os dois países querem “aprofundar e consolidar”. Para este “aprofundar de relações”, o ministro lembrou ainda que Cabo Verde vai nomear proximamente um embaixador não residente junto daquele país, que considerou se tratar de um “Estado de direito democrático”. Luís Filipe Tavares, sublinhou ainda, que além de Cabo Verde, Israel coopera com vários outros países do mundo e africanos.
Recentemente, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, participou da 51ª Cúpula da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que decorreu em Monróvia, tornando-se o primeiro líder não africano a participar de uma reunião do bloco regional.
Foi à margem desse encontro, ocorrido em Junho, que Netanyahu sentou-se com Jorge Carlos Fonseca, indo depois publicar um comentário no seu twitter pessoal dando como certo o apoio incondicional de Cabo Verde a Israel, ao nível das Nações Unidas, segundo lhe garantira o chefe de Estado cabo-verdiano.
A Presidência da República viria a reagir negativamente a esse tweet que fez eco na imprensa israelita e cabo-verdiana, negando a sua veracidade, ou parte dela. Ou seja, segundo Jorge Carlos Fonseca,em momento algum prometeu ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que Cabo Verde deixaria de votar contra Israel em qualquer resolução nas Nações Unidas. Para os israelitas, Cabo Verde, que reconhece o Estado da Palestina desde 24 de Novembro de 1988, recuou na sua intenção de se tornar um aliado de Israel na ONU, curiosamente, "cedendo a pressões externas" dos países árabes e muçulmanos, como chegou a reportar o JSSNews.
Mas no fundo, acabou sendo um desmentido público a Benjamin Netanyahu, o autor do tweet (fê-lo duas vezes, uma no dia 2 e outra no twitter oficial do primeiro-ministro, no dia 5 de Agosto), e com quem as relações com Cabo Verde começam agora a estreitar-se e a ganhar importância. O Governo, da sua parte, assume sem complexos essa aproximação e já anunciou uma embaixador não residente em Tel-Aviv, capital política de Israel.
Com Inforpress
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