Colunista

1. O povo estava sofrendo calado ao longo de vários anos e viu e sentiu nas manifestações, greves e paralisações promovidas pelos sindicatos dos professores e dos profissionais de saúde ao longo do ano de 2024 uma miragem para a sua libertação dos abusos e subjugações de um Governo que se tornou insensível, arrogante e prepotente perante as mais elementares reivindicações profissionais e sindicais.

2. Os professores e seus sindicatos representativos promoveram as maiores manifestações de sempre em termos de adesão e participação do norte ao sul do país com cartazes e passeatas com reivindicações justas como, por exemplo, melhorias das condições de trabalho e na carreira, pagamento de subsídios pela não redução de carga horária, melhorias salariais ao que o Ministério e o Governo responderam com total indiferença.

3. Quando os sindicatos dobraram as apostas e voltaram novamente às ruas, o Governo resolve atacar os líderes sindicais ao invés de responder as pautas sindicais e avançam com um projeto de lei de um novo PCFR  (Plano de Carreira, Funções e Remuneração) completamente desidratado das sugestões dos professores e de seus sindicatos.

4. Chegado ao Presidente da República, o Governo recebe o primeiro  chumbo do PCFR pelo chefe de Estado e o Governo resolve afrontá-lo de todas as formas e tenta colocá-lo contra os sindicatos e contra os professores.

5. Logo que os sindicatos se posicionaram a favor do PR pelo veto político imposto ao  diploma legal do Governo, eis que reinventa a estratégia esdrúxula, ilegal e inconstitucional de pedir ao PR para “desvetar” o diploma!!!

6. Um Governo perdido e sem rumo mas obstinado a navegar contra a vontade do povo e para abusar dos profissionais que reivindicam seus direitos, o Ministério de Educação resolve abrir centenas de processos disciplinares contra professores como forma de ameaça e de intimidação ignorando que tal estratégia geraria ainda mais solidariedade entre a classe e maior descontentamento contra o Governo.

7. Nessa linha de vingança, nas vésperas das eleições autárquicas de 01/12/24, o Ministério de Educação começou a notificar a conta-a-gotas alguns professores com a sanção de suspensão salarial como medida intimidatória e com recados à classe docente.

8. Na sequência, o Governo agenda a discussão do novo PCFR, num dia, e retira da agenda, no dia seguinte, da ordem-do-dia do Parlamento, antes das eleições municipais.

9. Após o pesado chumbo popular da desgovernação sofrida no 1º de dezembro último, por 15-07, o Governo volta a re-agendar e a votar na Assembleia Nacional esse PCFR tão criticado pelos professores e seus sindicatos de classe.

10. Para um Governo cuja principal universidade pública se mantém há mais de um ano com todas as suas contas bancárias penhoradas por ordem do tribunal por incumprimento de decisão judicial e é indiferente a essa situação de anomalia administrativa e institucional e ainda, mesmo sabendo que os seus dois administradores foram dispensados, um atrás do outro, em menos de dois anos e, com consequências diversas, se mantém impávido e sereno... Será que haverá mais expurgos? ...

11. Para um Governo que gera e alimenta conflitos com sindicatos e PR e as sondagens apontam que tal estratégia é-lhe prejudicial e mesmo assim, insiste nela...

12. Para um Governo cujos dados do afroborometer mostram que tem péssima avaliação geral e específica no combate à inflação, promoção da política de emprego e faz gastos claramente supérfluos em itens como viagens e deslocações, manutenções de um elenco governamental gigante e inoperante e praticamente zombou do povo ao prometer 45.000 postos de trabalho bem remunerados no mandato e não criou empregos não poderia esperar melhor resposta do povo nas últimas eleições municipais!!!

13. Os dados do afrobarometer revelaram que além do desemprego, a saúde figura também como um dos problemas prioritários do povo mas que o Governo ignorou esse setor, olimpicamente, durante o seu mandato e, particularmente, durante o ano de 2024 quando prometeu e descumpriu reivindicações da classe dos profissionais da saúde acordadas para sustarem greves e manifestações.

14. Aos senhores professores e profissionais da saúde os nossos aplausos e felicitações pela coragem e determinação em expor nas ruas e nas telas de tv e redes sociais as vossas reivindicações e desmascararem a propaganda enganosa de um Governo que está às vésperas de sua saída.

As vossas ações foram decisivas para o desfecho eleitoral de Santo Antão a Brava nas eleições de 01/12/24! Parabéns e viva a democracia!