Portugal é um dos maiores financiadores do Estado de Cabo-Verde, lembrem-se que o pagamento da dívida vem sendo negociado, com o chavão de vir a ser convertida em investimentos e é propalado com pompa e circunstância que o país apenas pagará juros no corrente ano. Em síntese, um país ao qual devemos milhões, reduz o seu Governo em 20%, “enxuto”, “task-force”, tem uma população 22 vezes superior à nossa e no auge de uma crise, denominada pelo actual Ministro das Finanças como a maior de sempre da história de Cabo-Verde, posso e continuo a dar-me ao luxo de insistir num Governo com 27 membros e todos os seus apêndices?
Não é novidade que as Legislativas’21 culminaram com a vitória do MpD, reconduzindo o então Primeiro-Ministro ao cargo. Também é público que desde o anúncio da constituição do actual Governo as críticas relativas à sua dimensão são sucessivas e fundamentadas, ainda que quem de direito faça ouvidos mocos.
Portugal viu o seu Parlamento ser dissolvido no âmbito do chumbo do orçamento de Estado para o ano de 2022, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa na sequência dessa crise política convocou eleições para 30 de Janeiro, processo eleitoral que chega ao fim com nomeação de mais um Governo.
O Primeiro-Ministro de Portugal, também ele reeleito, prometeu na campanha que reduziria o seu elenco governamental e hoje podemos afirmar que cumpriu, a redução ronda os 20%, totalizando 55 membros (17 Ministros e 38 Secretários de Estado).
Portugal, segundo os censos de 2021 tem uma população que não chega aos 11 milhões de habitantes, por outro lado Cabo-Verde que também realizou o seu recenseamento geral da população no ano transacto, dados ainda provisórios, tem uma população inferior a 500 mil habitantes.
É fácil, basta-nos fazer contas: estima-se que a população Portuguesa seja 22 vezes a Cabo-Verdiana, contudo num país com menos de meio milhão de habitantes temos um Governo que é literalmente metade do recém-anunciado em terras Lusas (55/2=27,5).
Sejamos razoáveis, os números falam por si e fazendo jus à realidade económica, política e social do país querer justificar um elenco governamental tão alargado é justificar o injustificável.
A conjuntura Internacional é causadora das dificuldades que se fazem sentir actualmente, porém a racionalização de recursos e uma gestão criteriosa da coisa pública possibilitaria a atenuação dos efeitos, sobretudo junto das classes mais desfavorecidas.
Portugal é um dos maiores financiadores do Estado de Cabo-Verde, lembrem-se que o pagamento da dívida vem sendo negociado, com o chavão de vir a ser convertida em investimentos e é propalado com pompa e circunstância que o país apenas pagará juros no corrente ano.
Em síntese, um país ao qual devemos milhões, reduz o seu Governo em 20%, “enxuto”, “task-force”, tem uma população 22 vezes superior à nossa e no auge de uma crise, denominada pelo actual Ministro das Finanças como a maior de sempre da história de Cabo-Verde, posso e continuo a dar-me ao luxo de insistir num Governo com 27 membros e todos os seus apêndices?
Senhor Primeiro-Ministro de Cabo-Verde, Dr. Ulisses Correia e Silva tenha coragem, o povo Cabo-Verdiano agradece!
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