Empresa portuguesa quer Cabo Verde como 'hub' para navios de operadores de petróleo e gás natural
Economia

Empresa portuguesa quer Cabo Verde como 'hub' para navios de operadores de petróleo e gás natural

A empresa portuguesa de navegação Navex, do grupo ETE, anunciou hoje que pretende transformar Cabo Verde num ‘hub’ na África Ocidental para navios de operadores de petróleo, gás e energias renováveis, criando para esse efeito a Navex Energy Logistics.

“O sector das energias está claramente em cima da mesa e é um sector onde nós achamos que, do ponto de vista dos serviços logísticos, transportes, tudo o que está associado à cadeia logística dessa indústria, ainda há muita coisa por fazer, sobretudo nas geografias em que nós operamos, ou seja, Portugal e África Ocidental”, disse Bruno Silva, director da Navex Cabo Verde à Lusa.

Em 2021, o arquipélago apoiou operações de navegação de cerca de uma dúzia de navios ligados ao sector da energia, actividade concentrada no Mindelo, ilha de São Vicente, explicou o responsável, à margem da participação da Navex na III Feira Internacional de Energias Renováveis e Eficiência, que arrancou hoje e vai decorrer até sábado, na Praia.

“Mas cada navio desses pode movimentar à vontade 100 tripulantes, mais os técnicos, enquanto um navio normal desembarca um marinheiro e embarca outro”, exemplificou.

A “ambição”, apontou, é “transformar Cabo Verde num ‘hub’ para a África Ocidental de todos os temas e negócios dentro desta indústria”. O “problema”, refere, é que o arquipélago ainda não entrou na rota destes serviços, algo que a nova marca Navex Energy Logistics quer mudar: “A indústria ainda não conhece Cabo Verde, não sabe as capacidades que existem cá”.

“São indústrias com requerimentos e navios muito específicos, com necessidades de transporte também muito específicas, seja porque as eólicas têm dimensões muito grandes e não são fáceis de transportar, seja porque os painéis solares são para zonas com défice de transporte e em grandes quantidades, o que exige também alguma complexidade e algum conhecimento”, apontou Bruno Silva.

Para o responsável da Navex em Cabo Verde, o agenciamento deste tipo de navios é uma oportunidade na região da África Ocidental, e no espaço lusófono, face à falta de oferta de “serviços integrados e formatados para esta indústria”, e daí “a necessidade de criar a marca”.

“Vemos esta indústria muito desenvolvida nas Canárias, é uma indústria muito forte, é um ponto de paragem normalíssimo para navios de prospecção, para transbordo deste tipo de produtos, para descarga das torres eólicas para distribuição noutros sítios e nós ficamos sempre tentados a dizer que se se faz isto nas Canárias, porque não fazer em Cabo Verde”, observou ainda.

Em causa está a actividade de agenciamento para este tipo de navios, nomeadamente os ligados à indústria de petróleo e gás, que precisam de paragens para troca de tripulações, para abastecer mantimentos ou combustível e fazer pequenas reparações.

“Isto é possível em Cabo Verde e nós temos vindo a fazer. Por vezes até pode permitir poupanças significativas aos operadores. Isso também é possível, e importa dizer, porque o ambiente de negócios em Cabo Verde é muito favorável”, sublinhou o responsável da Navex no arquipélago.

Acrescentou que com estes serviços de agenciamento dedicados ao sector também “é possível, nas energias renováveis, fazer de Cabo Verde um ‘hub’ de distribuição” e “sem adicionar muito custo. Por exemplo, para armazenar e distribuir painéis solares, componentes da indústria eólica, para estabelecer centros de controlo ou de conhecimento de energias renováveis que depois trabalham para a África Ocidental”, disse.

Com a Europa à procura de novas origens para compra de gás, face ao conflito na Ucrânia e a dependência de energia da Rússia, ao mesmo tempo que se preparam para emergir novos produtores em África, como Moçambique, a localização estratégica de Cabo Verde pode vir a fazer a diferença para chamar a atenção no movimento destes navios e o seu agenciamento.

“As pessoas tipicamente pensam que não há meios, mas há muita vontade, muito interesse, muita disponibilidade das entidades que estão associadas a isto em fazer acontecer em Cabo Verde”, insistiu Bruno Silva.

Acresce, sublinhou, nas energias renováveis, as eólicas ‘offshore’ ou a produção de energias através das ondas, que começam a nascer e “onde claramente Cabo Verde se devia posicionar”.

“E nós temos interesse nisso”, garante o responsável pela Navex em Cabo Verde, recordando os projectos desta indústria em que o grupo ETE já está envolvido.

A Navex Cabo Verde é o agente de navegação do grupo ETE, com escritórios próprios da empresa Navex em Portugal continental, Madeira e Açores. Em Cabo Verde, a empresa prevê ter escritórios próprios em todas as ilhas a partir de 01 de Abril, com a abertura das agências no Fogo, Brava, Maio e São Nicolau, além da aposta, agora, na Navex Energy Logistics.

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