A ilha do Sal está de luto. Faleceu de morte natural, no passado dia 17 de Março, Pedro Brito, antigo futebolística e dirigente desportivo e primeiro deputado nacional pela ilha do Sal, aos 85 anos de idade, nos EUA. Um dos fundadores da Académica do Sal, Pedro Brito, foi durante vários anos presidente do clube e uma das glórias daquele que é um dos mais antigos e populares clubes de futebol local.
Quis o destino que o passamento de Pedro Brito tivesse lugar nos Estados Unidos, onde se encontrava desde o dia 9 de Março para uma operação a um dos joelhos, uma mazela dos tempos de jogador. Acabou por falecer dias depois da operação.
Para quem conhece não será exagero afirmar que a história de Pedro Brito confunde-se com a história do desporto do Sal, ele que, natural de São Nicolau, viveu mais de 80 anos na ilha onde nasceram todos os seus filhos. Chegou ao Sal com 6 anos de idade.
O que muitos não sabem ou se esquecem é que Pedro Brito foi, para além de ativista desportivo, um defensor e ativista da ilha também na política onde foi o 1º deputado da ilha nos primeiros anos pós-independência, ele que também trabalhou muitos anos na ASA Aeroportos e Segurança Aérea.
Enquanto futebolista e dirigente desportivo, Brito foi um fervoroso defensor do clube que amou e representou a todos os níveis dando um inestimável contributo para o desenvolvimento do desporto local e da Académica em particular, tendo o clube ganho na sua presidência vários títulos regionais, para além do único título nacional na história de um clube de futebol salense. Foi em 1993 num plantel onde destacavam-se uma das suas crias, Polídio “Pú” Brito e Lúcio Antunes, atual selecionador nacional, ambos, também, antigas glórias da Micá.
Nesse que foi um dos maiores momentos de glória da Académica, o clube ainda participou no campeonato africano de clubes e chegou a participar no torneio Nino Vieira, na Guiné-Bissau, onde foi finalista vencido com o campeão senegalês na altura, derrota por 1 x 0.
Canalizador de profissão em jovem, Pedro Brito esteve na origem do então atlético e que viria a mudar o nome para Académica, tendo, inclusive, participado nas obras da sede do clube com os seus conhecimentos de canalizador e pedreiro.
Para além de presidente e jogador, foi também presidente da assembleia da equipa e até fez as vezes de treinador na época de 1984, quando o clube, por motivos disciplinares, se viu privado por alguns jogos do seu treinador principal. Brito foi, como se vê, pau para toda a obra e um porto seguro para a sua querida Micá.
Um apaixonado do desporto, Pedro Brito soube transmitir essa paixão aos filhos, quase todos eles reconhecidos nas modalidades que praticaram. É o caso de Pinha, ele que fez carreira em Portugal e foi também internacional por Cabo Verde, como também de Péricles “Piry” e Peres Brito que foram exímios jogadores de andebol e figuras destacadas da Micá que possui ao longo da sua história 27 títulos regionais e 11 títulos nacionais, cinco deles seguidos. A filha, Alícia Brito, foi também jogadora de andebol do clube e várias vezes campeã regional e é atualmente presidente da Associação Regional de Andebol do Sal.
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