Faleceu este domingo, 20, o reconhecido pintor cabo-verdiano Kiki Lima, figura central das artes plásticas da diáspora africana lusófona. Natural da ilha de São Vicente, Kiki Lima construiu ao longo das últimas décadas uma carreira artística sólida e respeitada, marcada por um profundo compromisso com a cultura e identidade de Cabo Verde.
Radicado em Portugal há muitos anos, Kiki Lima nunca se afastou da sua matriz cabo-verdiana. As suas obras, reconhecíveis pelo uso expressivo da cor e pela riqueza simbólica, refletiam as vivências insulares, os ritmos da morabeza e os universos culturais de um povo resiliente e criativo. O artista explorava com sensibilidade temas como a memória coletiva, os laços familiares, a espiritualidade africana e a vida quotidiana nas ilhas, traduzindo-os numa linguagem plástica única.
Ao longo da sua carreira, Kiki Lima participou em inúmeras exposições individuais e coletivas em África, Europa, América Latina e Estados Unidos, conquistando reconhecimento internacional e contribuindo para a afirmação da arte cabo-verdiana no mundo. Foi também presença constante em atividades culturais da diáspora, mantendo viva a ponte entre Cabo Verde e as suas comunidades espalhadas pelo mundo.
A notícia do seu falecimento tem gerado manifestações de pesar por parte de artistas, intelectuais e instituições culturais cabo-verdianas. Muitos destacam não só o seu talento como pintor, mas também o seu papel como embaixador da identidade cabo-verdiana e promotor das artes visuais lusófonas.
Seu colega e amigo Tchalé Figueira escreveu na sua conta no facebook. "Sua pintura é o retrato da nossa sociedade Crioula em tonalidades quentes do azul do mar ao amarelo solar e de diversos temas que direi etnológicos da diversidade cultural deste nosso país: Do pescador ao vagabundo, das menininhas bonitas, da pequena burguesia, das festas juninas, do batuque, etc. E não posso aqui esquecer das suas composições, muitos com letras de cariz critico social gravados na voz de Dudu Araujo. O círculo de Kiki Lima hoje fechou, mas para Cabo Verde este Artista deixa uma grande herança pictórica e musical que fica para a memória da nossa identidade".