Moinho da Juventude, 41 anos de resistência e dedicação à comunidade
Diáspora

Moinho da Juventude, 41 anos de resistência e dedicação à comunidade

É uma das mais emblemáticas associações da diáspora cabo-verdiana em Portugal, mas não só, porque na sua génese e mesmo na atualidade estão pessoas de outras ancestralidades. São 41 anos de djunta mon e união, acreditando num bem maior: “um outro mundo é possível”. Sedeada na Cova da Moura (no concelho da Amadora), A Associação Cultural Moinho da Juventude é um exemplo de “resistência, de sonhos e esperança”, segundo as palavras de Jakilson Pereira – o presidente da associação.

É uma das mais emblemáticas associações da diáspora cabo-verdiana em Portugal, mas não só, porque na sua génese e mesmo na atualidade estão pessoas de outras ancestralidades. São 41 anos de djunta mon e união, acreditando num bem maior: “um outro mundo é possível”. Sedeada na Cova da Moura (no concelho da Amadora), A Associação Cultural Moinho da Juventude é um exemplo de “resistência, de sonhos e esperança”, segundo as palavras de Jakilson Pereira – o presidente da associação.

A Associação Cultural Moinho da Juventude, ao longo destes 41 anos de vida e de luta, tem desenvolvido atividades socioeducativas e culturais, dando formação profissional em várias áreas, bem como apoio jurídico à comunidade do emblemático bairro da Cova da Moura, ponto de confluência maioritário de cabo-verdianos, mas que teve na sua génese migrantes pobres do interior de Portugal, que rumavam às franjas de Lisboa, fugindo à fome e à miséria de um Portugal cinzento e salazarista.

“O Moinho”, abreviatura pela qual é conhecido, desenvolve, ainda, trabalho meritório com crianças, jovens, adultos e idosos, envolvendo pessoas de todas as faixas etárias, e dispõe de biblioteca e estúdio de gravação.

Em quatro décadas de existência, o desenvolvimento comunitário, a promoção de sinergias, a partilha de competências e a responsabilidade pessoal e de grupo, têm sido, ainda, o ADN do Moinho da Juventude, segundo a premissa “um outro mundo é possível se a gente quiser”, nas palavras do seu atual presidente, Jakilson Pereira (na foto), lavradas com letras de orgulho e memórias coletivas na sua rede social.

Para Jakilson, um cabo-verdiano de São Salvador do mundo e autarca comunista da Freguesia das Águas Livres, no Concelho da Amadora, trata-se de “41 anos de resistência, de sonhos e de esperança”, de uma associação que “é mais do que uma casa, é um lar onde a juventude encontra força, as vozes da comunidade se erguem” e “o futuro se constrói, todos os dias”.

Tudo começou com Lieve e Eduardo

Em 41 anos muita coisa mudou neste bairro da periferia de Lisboa, mas o sonho nasceu um ano antes, quando uma belga, Lieve Meersschaert, decidiu fazer da comunidade a sua casa, largando alguma comodidade burguesa para se entregar por inteiro a coisa maior, juntamente com o seu marido, Eduardo Pontes, entretanto falecido.

Chegada à Cova da Moura, ainda os restos de uma revolução se faziam sentir na sociedade portuguesa, foi no sótão da casa de Lieve e Eduardo, que se realizou a primeira reunião do Moinho da Juventude, precisamente 41 anos atrás, em 01 de novembro de 1984. 

E, a partir da simples habitação familiar, se travaram lutas importantes para a comunidade, como sejam o sistema de água e esgotos, numa altura em que apenas duas torneiras estavam à disposição de 900 pessoas. A casa de Lieve Meersschaert e de Eduardo Pontes foi, também, espaço para reuniões do Sindicato das Empregadas Domésticas e lugar de uma pequena biblioteca à disposição da comunidade.

Construído por pessoas do bairro, principalmente por jovens de 14 e 15 anos, que foram resgatados da venda de drogas, o edifício do Moinho da Juventude era, na década de oitenta, um espaço seguro de criatividade e partilha, um legado que persiste e, neste Dia de Todos os Santos, fez 41 anos de existência.

Fotos: Moinho da Juventude / Jakilson Pereira

Partilhe esta notícia

SOBRE O AUTOR

Redação

    Comentários

    • Este artigo ainda não tem comentário. Seja o primeiro a comentar!

    Comentar

    Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
    O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
    Inicie sessão ou registe-se para comentar.