.jpg)
O líder parlamentar do PAICV e deputado pelo círculo eleitoral da Brava, acusou o Governo de ter abandonado a ilha. Clóvis Silva apontou o dedo à crise instalada nos transportes, na saúde e no abastecimento de água engarrafada. “Há um sentimento claro de abandono. Falta presença institucional. A população diz que não se sente apoiada por este Governo”, afirmou o deputado.
O líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Clóvis Silva, falando na ilha das flores, disse que a “Brava sente-se abandonada pelo Governo” e apontou o dedo à crise instalada nos transportes, na saúde e até no abastecimento de água engarrafada.
Em jornadas descentralizadas na região Fogo-Brava, os deputados do Grupo Parlamentar do PAICV começaram ontem pela ilha Brava, tendo ocasião de confirmar dificuldades que têm vindo a estrangular o comércio local, afetando por arrasto a qualidade de vida da população.
Transportes no centro das preocupações
Clóvis Silva aponta os transportes como o principal problema da ilha, com impactos negativos em toda a estrutura económica local e sublinha que alterações recentes do modelo operações da CV Interilhas, ao invés de superarem os constrangimentos, pelo contrário, geraram um significativo custo acrescido para os comerciantes.
“O comércio está estrangulado. Os comerciantes deixaram de conseguir enviar os seus camiões para Santiago nos moldes habituais, porque a empresa passou a explorar também o transporte de cargas. Isso encareceu o processo a níveis incomportáveis, limitando o abastecimento de bens essenciais, incluindo água engarrafada e produtos de primeira necessidade”, disse o líder parlamentar do PAICV.
Para Clóvis Silva é necessário fazer mudanças na exploração da rota marítima, bem assim no modelo de prestação do serviço de cabotagem. É que, segundo o deputado, só assim se poderá superar a situação atual e resolver os problemas.
Cenário na saúde também não é animador
No que respeita ao setor da saúde, o cenário também não é animador, com a ilha contando apenas com seis enfermeiros em atividade, realizando turnos esgotantes que só comprometem a capacidade de resposta no atendimento aos utentes.
“Há momentos em que não se consegue responder às solicitações. Os profissionais estão sobrecarregados, fazem mais de 12 horas de serviço e não é possível completar escalas adequadas”, disse o líder parlamentar do PAICV, defendendo maior autonomia local para contratação de recursos humanos e reforço imediato da equipa de saúde.
Câmara continua à espera do dinheiro prometido pelo Governo
Clóvis Silva denunciou, ainda, que, ao contrário do dinheiro prometido pelo Governo para fazer face aos prejuízos causados pelo incêndio no Centro Comercial, a Câmara Municipal continua à espera dos 6,5 milhões de escudos aprovados em Conselho de Ministros destinados aos comerciantes que perderam todos os seus bens.
Dificuldades, também na pesca e no abastecimento de água
Ainda segundo o deputado pelo círculo eleitoral da Brava, as dificuldades estendem-se à pesca, com profissionais do setor a reclamarem a falta de incentivos e de apoio do Governo para dinamizar uma área de atividade com potencial para ser o motor da economia local.
Os problemas estendem-se, ainda, ao abastecimento de água, considerado crítico e, para mais, agravado pela redução dos lençóis freáticos, principalmente em Fajã d’Água. E a central de dessalinização, financiada pela cooperação luxemburguesa, ao invés de ladear o problema, apresenta falhas estruturais que impedem um serviço eficaz.
“Só depois da conclusão [da obra] constatou-se excesso de manganês na água. A análise deveria ter sido feita antes. O projeto precisa ser repensado”, lamentou o parlamentar.
Para Clóvis Silva, o diagnóstico geral da ilha Brava é irrefutável e bastante preocupante: “Há um sentimento claro de abandono. Falta presença institucional. A população diz que não se sente apoiada por este Governo”.
Foto: GP/PAICV
Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários