E entende que Ulisses Correia e Silva traiu a confiança do povo de São Vicente e que Augusto Neves se esconde atrás de uma fidelidade canina ao seu partido.
Tudo aponta que ainda muita água vai correr em baixo da ponte relativamente à polémica sobre a construção do campus universitário em Santiago.
Depois das manifestações do ex-deputado do PAICV, Alexandre Novais, e do abaixo-assinado dirigido ao Embaixador da China em Cabo Verde, eis que surge agora o grupo de reflexão da diáspora a considerar, num comunicado, que “a exclusão de São Vicente do campus da universidade de Cabo Verde é uma afronta à ilha e ao seu povo”.
O documento, assinado por Arsénio Fermino de Pina, Adriano Miranda Lima, José Fortes Lopes, Fátima Ramos Lopes, Filomena Araújo Vieira, Luís Andrade Silva, Miguel Arcangelo Silva e Valdemar Pereira, vai um pouco mais longe e aponta o dedo directamente ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, acusando-o de “um comportamento político traiçoeiro, ardiloso e manobrista, ultrapassando o seu antecessor nas artes do ludíbrio e revelando-se afinal de contas um fiel executante das políticas que repudiamos, agindo contra o país integral e ameaçando perigosamente a coesão nacional”.
O grupo entende que Ulisses Correio e Silva traiu a confiança do povo de São Vicente, pois no seu entender desde que assumiu o poder tem estado a tomar decisões que colocam em causa as promessas eleitorais feitas para com a ilha, e lhe valeram maioria absoluta.
“É que retinem ainda nos ouvidos do povo de São Vicente, em particular, e dos cabo-verdianos, em geral, as promessas de Ulisses Correia e Silva de reabilitar o espírito de solidariedade nacional, promover a correcção dos desequilíbrios regionais e contribuir para a coesão entre os cabo-verdianos, mediante uma efectiva descentralização do poder e uma mais equânime distribuição dos recursos”, escreve o comunicado.
No entanto, o grupo diz não surpreender muito com esta sonegação de mais um investimento previsto para São Vicente e o norte do arquipélago, “porquanto desde a posse deste governo se vêm acumulando evidências a desmentir claramente a propaganda eleitoral com que o respectivo partido alcançou o poder”.
E traz exemplos como: a posição do Governo em “firmar um acordo com o PAICV para a aprovação do Estatuto Especial para a Praia, como se isso fosse a mais gritante prioridade nacional”; as declarações da ministra do Ordenamento do Território e Habitação, Eunice Silva, segundo as quais “Cabo Verde não é só São Vicente e que se tem de partilhar os recursos para que todos tenham um pedaço justo”; “constantes anúncios e concretização de investimentos na ilha de Santiago e seus inúmeros municípios criados com pouco critério, ignorando-se o resto do país, entre outros”.
Nem o orçamento do estado escapou ao escrutínio do grupo, pois considera que este instrumento de gestão do Estado para o ano corrente “foi altamente penalizador para São Vicente, relegando-a para um plano secundário no arquipélago, não obstante tratar-se da segunda ilha do país em população e contribuição para o PIB”
Até os movimentos sociais de Santiago foram objecto de reclamação. Com efeito, o grupo afirma-se surpreendente com movimentos e organizações da sociedade civil surgidos em Santiago. “Surpreendentemente, e para repúdio dos cabo-verdianos, têm surgido movimentos de um doentio bairrismo ligados a Santiago − “pró Praia e pró ilha de Santiago”− como se a sociedade civil daquela ilha é que tivesse razões de agravo e não o resto da nação cabo-verdiana”, lê-se no referido comunicado.
E com base neste roteiro, o grupo aponta o dedo ao Governo, mas também aos políticos de São Vicente, no sentido de se levantarem para defender a ilha. E neste item o dedo é apontado directamente ao presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, “que devia ser o primeiro a vir a terreiro para honrar as prerrogativas do seu cargo em vez de fidelidade canina ao seu partido”.
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