As coisas simples da vida ou que se nos aparentam como tais escapam-se quase sempre ao nosso olhar demorado e, particularmente, a uma reflexão mais profunda. E uma delas é o equilíbrio, condição essencial para a vida, sobretudo bem-sucedida.
Sem darmos conta, ou termos consciência disso, todo nosso esforço está canalizado para conseguirmos o equilíbrio entre os diversos níveis que enformam a complexidade do ser humano, nomeadamente a nível social, familiar, profissional e emocional.
Mas, se é tão importante assim, porque não dispensamos tempo ou mais tempo a reflectir sobre o equilíbrio? É que a simplicidade com que se nos aparenta não nos permite tomar consciência dessa complexidade e, consequentemente, determos tempo para reflexão.
De todo modo, uma questão se impõe, e ela é crucial: como conseguir o equilíbrio dentro de cada nível e entre os níveis nível social, familiar, profissional e emocional? Se é certo que não existe resposta imediata e acabada a esta questão, é interessante ver que muitas pessoas conseguem ser bem-sucedidas a nível académico e profissional, e não conseguem tão intento nos níveis familiar e emocional, por exemplo.
Mas deixemos de lado o emocional – em parte, porque quer queiramos ou não tudo tem reflexo na nossa vida emocional – e centremo-nos um pouco no familiar. Aparentemente, o mais simples de se conseguir o equilíbrio, mas o mais complexo de todos os níveis já apontados. Porquê? Porque o familiar, além da proximidade que reduz e dilui a sua complexidade, é o espaço de maior fricção, que exige mais cedência e negociação.
Será o familiar compatível ou concorrencial com os demais níveis, mormente o académico e o profissional? Depende das circunstâncias e da forma como construímos cada nível e gerimos a articulação entre eles. Entretanto, muitas vezes, porque não tivemos em conta essa articulação, acabamos por construir dois mundos que não se comunicam ou que se comunicam muito pouco: o nosso e o dos outros.
Deter tempo a fazer este exercício de reflexão sobre o equilíbrio, não é inútil, antes pelo contrário! Na verdade, podemos não conseguir equilibrar tudo, mas a consciência que provém da reflexão permite-nos gerir melhor os desequilíbrios. Afinal, andamos todos à procura do equilíbrio.
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