Autoridades nacionais ignoraram as denúncias feitas por Alex Saab
Ponto de Vista

Autoridades nacionais ignoraram as denúncias feitas por Alex Saab

Alex Saab fará declarações sobre as suas alegações sobre ter sido vítima de maus tratos, tortura, corrupção, e falta de assistência médica adequada associadas a uma queixa-crime contra o Procurador-geral de Cabo Verde, Luís José Tavares Landim, e contra os representantes da Polícia Judiciária do Sal

A 9 de agosto de 2021, a equipa de defesa cabo-verdiana do diplomata venezuelano Alex Saab apresentou queixa-crime contra Luís José Tavares Landim, Procurador-Geral de Cabo Verde, e Natalino Correia, Domingos de Pina, e Maurício Monteiro, três inspetores da Polícia Judiciária do Sal. Todos estiveram intimamente envolvidos no planeamento e execução da detenção ilegal de Alex Saab a 12 de junho de 2020, e agora também são acusados de crimes de corrupção, tortura, maus tratos, e falta de cuidados médicos adequados.

A Equipa de Defesa pretende deixar claro que as queixas de tortura, ocultação de provas, perjúrio policial e negação de atendimento médico foram apresentadas às autoridades locais relevantes em várias ocasiões no ano passado. Não houve resposta a essas reclamações e nenhuma investigação.

A queixa do Sr. Saab pode ser resumida da seguinte forma:

1.      No momento da sua detenção, Natalino Correia mentiu quando disse ao Sr. Saab que tinha um Alerta Vermelho da Interpol para a sua detenção. É agora do conhecimento público que o Alerta Vermelho só foi emitido mais tarde e que nenhum mandado de detenção foi emitido para apoiar a detenção do Sr. Saab por um juiz cabo-verdiano local, como requerido nos termos da Constituição de Cabo Verde.

2.      O Sr. Saab explicou à equipa da Polícia Judiciária do Sal, chefiada por Natalino Correia, que era Enviado Especial da República Bolivariana da Venezuela, e que portava documentos que o comprovavam. O Sr. Saab tinha portanto direito a imunidade e inviolabilidade. Ou Natalino Correia não informou Luís Landim deste facto, ou ambos conspiraram para ignorar as provas, e Natalino Correia procedeu ao afastamento do Sr. Saab do seu avião.

3.      A mala que continha documentos oficiais do Sr. Saab também continha dinheiro, num montante equivalente a 20.000 dólares americanos. A mala foi retirada pela Polícia Judiciária e, quando foi devolvida algumas semanas mais tarde, bastante danificada, o dinheiro havia desaparecido. Natalino Correia admitiu ao Sr. Saab que tirou o dinheiro.

4.      Após ser retirado do seu avião, o Sr. Saab foi estranhamente obrigado a comprar um visto de entrada e, em seguida, levado para uma cela da polícia. Lá, foi detido por dois dias, durante os quais lhe foi negada comida, água, medicação, e foi torturado numa tentativa de o fazer assinar uma confissão e aceitar voluntariamente a sua extradição para os Estados Unidos.

5.      Além deste episódio de tortura, durante a sua detenção na prisão, o Sr. Alex Saab também foi espancado por indivíduos mascarados, que entraram na sua cela e o torturaram por várias horas. 

Todos estes episódios foram devidamente denunciados às autoridades competentes, que os ignoraram e nunca deram início à investigação competente.

16 de agosto de 2021 

Dr. José Manuel Pinto Monteiro

Advogado de Cabo Verde de S. Ex.ª Alex Saab

 

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