O Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV) questionou hoje as medidas adoptadas pelo Governo para resolver os problemas na zona rural, considerando que o Executivo perdeu quatro anos para uma “abordagem mais inteligente”.
A posição do PAICV foi defendida pela deputada Janira Hopffer Almada, durante o discurso de abertura do debate na sessão parlamentar com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
Segundo disse, passados quatro anos é tempo de perguntar ao chefe de Governo se o Executivo merece ser aprovado neste domínio tão sensível da vida sócio- económica do país, que é o meio rural.
No seu entender, o Governo deve apresentar, com dados, os ganhos que o País teve em termos de mobilização da água, de introdução de novas tecnologias de produção agropecuária, de fomento e de apoio à indústria agroalimentar.
No entanto, atestou, “é indesmentível” que todos estão preocupados e solidários com a pandemia no país, e com todos os cabo-verdianos, nas ilhas e na diáspora.
Todavia, referiu, “não é razoável” que o Governo, por causa desta pandemia, tente mudar a realidade das coisas e justificar tudo o que não fez nestes últimos quatro anos, “quando os ventos estavam calmos e bastante favoráveis”.
Considerou, por outro lado, que a oposição está ciente que o país teve de enfrentar três anos de seca consecutiva, mas, recordam que o primeiro-ministro foi ao Parlamento, em finais de 2017, “para anunciar, com pompa e circunstância”, que tinha conseguido mobilizar mais de um milhão de contos, para o Plano de Mitigação da Seca.
Nesta linha, questionou que medidas concretas foram tomadas para reforçar a resiliência, a competitividade e o crescimento inclusivo e ambientalmente sustentável do campo e em que medida as potencialidades fornecidas pelo sector do turismo foram aproveitadas pela agropecuária.
De acordo com a deputada tambarina, é preciso esclarecer quantos parques científicos e tecnológicos de agropecuária existem hoje, assim como a taxa de penetração das energias renováveis que foi aumentada nesta Legislatura e que novas áreas de produção agrícola foram beneficiadas com a rega gota-a-gota.
Sublinhou que estes quatro anos terão sido “uma oportunidade perdida” para se fazer uma “abordagem muito mais inteligente”, ousada e estratégica dos impactos das mudanças climáticas e das secas, estas cada vez mais frequentes e severas.
Por fim, salientou se esta poderá ter sido uma oportunidade que o Governo não aproveitou para promover a mudança da gestão das crises (resultantes das secas), e para implementar um ambicioso programa para, globalmente, fazer face às mudanças climáticas, adentro dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pelas Nações Unidas.
Com Inforpress
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