A hermenêutica do amor: o fundamento da existência humana
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A hermenêutica do amor: o fundamento da existência humana

Sem o amor a sociedade não sobrevive. O único antídoto contra a mórbida e a predatória competição que assola a nossa sociedade em todos os níveis, é justamente o que a maioria ignora. Nunca tivemos uma sociedade tão deprimida e egocêntrica como hoje. O reflexo tem sido cristalino. O mais curioso é quando analisarmos as duas dimensões dos dez mandamentos amplamente conhecidos. A primeira dimensão, é a vertical. A relação entre o homem e Deus. "Amar a Deus sobre todas as coisas". A segunda: amar o nosso próximo como a nós mesmos". Primeiro, remete-nos ao pormenor vertical - espiritual. O segundo é a relação interpessoal. Temos a relação espiritual (Deus e o homem) e a relação humana. Neste caso, está mais do que evidente, que a nossa relação interpessoal, incluindo o ambiente familiar, profissional e social, sem o efetivo e permanente demonstração de amor serão inconsistentes. Tudo sem o amor morre precocemente.

Falar de amor é falar de uma das realidades mais absolutas no contexto da existência humana. 

Viver sem amor é uma maldição" que atropela todo o nosso percurso pessoal e social. Toda a nossa existência intrapsíquico e intrapessoal gravita em torno de amar e sermos amados. Toda a nossa construção afetiva e psicoafectiva estão subjacentes ao fator amor. O amor é o vocábulo mais verbalizado universalmente. As nossas maiores aspirações e pulsações estão permanentemente em direção à completude interna, tendo o ápice a necessidade de sermos amados. Não há espaço para uma existência majestosa e esplêndida sem que o amor esteja como epicentro da nossa vida. Preenchendo as lacunas mais profundas da alma.

A demonstração mais contundente e o presente mais sublime que um ser humano poça receber, é o amor. Não há espaço para realização e felicidade isso. 

E todas as nossas crises internas, familiar e profissional, passam por esse processo e ao longo da nossa existência podemos retroceder ou prosseguir, dependendo desse elemento crucial e absoluto. Quem não efetive o amor em suas múltiplas dimensões, não terá como viver plenamente. Só o amor nos confere a liberdade legítima e a expressão plena da existência. 

Um grande psiquiatra já dizia: "Toda a nossa existência passa pelas duas necessidades fundamentais: Amar e ser amado". O centro do nosso equilíbrio emocional e psicoafectivo está no amor que recebemos. 

E todo os problemas de fórum mental e psicológico, estão relacionados com o vazio emocional e afetivo, causado pela ausência desse grande fundamento. Os gregos antigos tinham vários conceitos para o amor, sendo as mais comuns Eros (amor romântico/sexual), Philia (amor de amizade e lealdade), Storge (amor familiar) e Ágape (amor incondicional e divino). Ainda temos Philautia (amor-próprio). O amor Ágape é a maior expressão de amor. 

É o que em teologia denominam de amor sacrificial. É o tipo único e exclusivo de amor, que cabe ao parâmetro espiritual e divino. Cumprindo a sua dimensão mais completa e contundente na esfera humana intra humana. Abarcando esferas holística, na perspetiva teológica, sociológica e antropológica. Esse amor vai além da expressão sentimental ou condicional. Expressa ação sacrificial e absolutamente ilimitado. É o amor que emana de Deus na sua verticalidade imune e imutável, tendo o epicentro global a humanidade. Com enfoque no resgate do que é a expressão mais perene da humanidade (O homem). Devo salientar, que para efetivarmos qualquer outro tipo de amor o Ágape deve ser amplamente compreendido e profundamente abraçado. Ninguém poderá amar sem passar pelo prisma e experiência da verticalidade Ágape. Assim sendo, é da fonte que bebemos as águas límpidas que sacia a nossa sede. Da mesma forma o amor Ágape, é o cerne absoluto da expressão mais "radical" do amor. É o princípio central do qual renascemos e revivemos nas múltiplas facetas das nossas experiências humanas e Intra humana.

Um dos mais proeminentes escritores e teólogos de todos os tempos, denominado por Paulo Apóstolo, fez a maior e a mais completa definição de amor. Em sua majestosa eloquência e sapiência descreveu as dimensões mais profundas do amor. Aqui vão as facetas mais emocionantes e emblemáticas do amor mencionados: "O amor tudo sofre. Não se arde em ciúmes. É bondoso, é compassivo, é longânimo". Parafraseando o grande escritor e teólogo, por mais que entreguemos o nosso próprio corpo para ser queimado em favor de alguém, se não tivesse o amor, nada disso aproveitaria. O amor tudo sofre e tudo suporta. Ainda que tivesse todas as habilidades para conquistar o mundo inteiro e ganhasse o impensável. De nada seria, se não tivesse o amor. Podemos ter dons e talentos, bens ou riquezas, fama ou sucesso, poder ou autoridade, de nada seria se o amor não fosse o centro das nossas motivações.

Sem o amor a sociedade não sobrevive. O único antídoto contra a mórbida e a predatória competição que assola a nossa sociedade em todos os níveis, é justamente o que a maioria ignora. Nunca tivemos uma sociedade tão deprimida e egocêntrica como hoje. O reflexo tem sido cristalino. O mais curioso é quando analisarmos as duas dimensões dos dez mandamentos amplamente conhecidos. A primeira dimensão, é a vertical. A relação entre o homem e Deus. "Amar a Deus sobre todas as coisas". A segunda: amar o nosso próximo como a nós mesmos". Primeiro, remete-nos ao pormenor vertical - espiritual. O segundo é a relação interpessoal. Temos a relação espiritual (Deus e o homem) e a relação humana. Neste caso, está mais do que evidente, que a nossa relação interpessoal, incluindo o ambiente familiar, profissional e social, sem o efetivo e permanente demonstração de amor serão inconsistentes. Tudo sem o amor morre precocemente.

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SOBRE O AUTOR

Lino Magno

Teólogo, pastor, cronista e colunista de Santiago Magazine

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