Família teme pela vida de Domingos Simões Pereira
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Família teme pela vida de Domingos Simões Pereira

Denisa Pereira, filha do líder do PAIGC, diz temer pela vida do pai e que a família quer uma “prova de vida”. “Não existe telefonema, nem existiu, não existe contacto direto”, nem com a família, nem com advogados. E organizações religiosas tentaram em vão o contacto e saber onde se encontra o líder da oposição a Sissoco (que, curiosamente, continua a ser presidente da CPLP).

A família de Domingos Simões Pereira quer “uma prova de vida” do líder do PAIGC, que estará detido numa esquadra de Bissau desde o golpe militar de 26 de novembro. Mas esta informação, de acordo com a filha, continua por confirmar.

Denisa Pereira disse hoje à Lusa, numa entrevista telefónica, que a família “teme pela vida” de Simões Pereira, que não consegue contactar há quase 15 dias, e que aquilo que sabe é o que lhe contam terceiros, que “supostamente ele está na segunda esquadra”.

“Sem contacto, depois de quase 15 dias, nós precisamos de uma prova de vida, se houvesse alguém, algum organismo que tivesse entrado e confirmasse que estão detidos em tal sítio e encontram-se vivos, já era qualquer coisa”, disse Denisa.

A filha de Domingos Simões Pereira contou que a última vez que a família viu o político guineense foi “antes da hora de almoço” de 26 de novembro, dia em que, depois de um tiroteio, os militares tomaram o poder na Guiné-Bissau.

Ninguém diz onde está o líder do PAIGC

“O que eu sei do meu pai é aquilo que nos contam, supostamente que ele está na segunda esquadra, que pertence ao Ministério do Interior, e é para lá que nós temos enviado alimentação”, afirmou à Lusa.

Para além disso – acrescentou -, “não existe telefonema, nem existiu, não existe contacto direto” nem com a filha, “nem outro membro da família, nem com advogados, nem com nenhum membro da sociedade civil".

Denisa Pereira avançou que, “inclusive, organizações religiosas já tentaram fazer essa aproximação e ninguém conseguiu” saber de Simões Pereira e de outros políticos que foram detidos a 26 de novembro.

A informação da detenção, segundo disse, chegou através de pessoas que “conseguiram perceber o trajeto que foi feito” da base aérea próxima do aeroporto de Bissau, onde estaria inicialmente Simões Pereira, até ao Ministério do Interior. Das autoridades guineenses disse não terem tido, até agora, qualquer informação.

Chamar a atenção da comunidade internacional

Denisa Pereira adiantou que a família decidiu “partir para outras formas de luta”, que passam por “chamar a atenção da comunidade internacional, das pessoas dentro e fora da Guiné”, para a situação.

“Tudo o que nós podemos fazer é chamar a atenção para aquilo que está a acontecer, explicarmos que é uma situação, [em que] os direitos, liberdades e garantias das pessoas que foram detidas, nomeadamente Domingos Simões Pereira, que é o meu pai, estão a ser espezinhados completamente”, declarou.

Para a família, estas pessoas encontram-se “sequestradas” por não haver uma explicação e não terem acesso à família e a advogados ou outros direitos que a lei confere.

Denisa Pereira disse, ainda, que a família não tem tido qualquer apoio de entidades regionais e dirigiu-se em concreto à CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) para dizer que não se sentem protegidos por esta organização, da qual a Guiné-Bissau faz parte.

Desprotegidos pela CEDEAO e falta de voz firme da CPLP

Denisa lembrou que a CEDEAO esteve no país depois do golpe e que teve "encontros com alguns membros do Governo, com o presidente de transição e não houve nenhuma movimentação no sentido de tentar chegar junto à segunda esquadra para perceber qual a real situação de Domingos Simões Pereira e demais detidos”.

“Nós sentimo-nos desprotegidos, não estamos a sentir uma mão firme da parte de uma organização que devia ter uma voz firme em relação à Guiné-Bissau. Em comparação, curiosamente tivemos notícias há dois dias de uma tentativa de golpe de Estado no Benim, que é um país que faz parte da CEDEAO, tal como a Guiné-Bissau, e conseguimos perceber que a CEDEAO consegue agir, às vezes, quando quer”, salientou a filha de Simões Pereira.

Denisa Pereira apontou também a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), atualmente presidida pela Guiné-Bissau, para lamentar a falta de “voz firme”.

“Toda a gente condena [o] ato e depois ficamos pela intenção, marcam reuniões distantes da data em que os acontecimentos se deram, nós não entendemos”, sublinhou Denisa.

C/Inforpress/Lusa
Foto: Observatório da Língua Portuguesa

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