Aludindo suposta “tolerância zero”, CEDEAO legitima golpe na Guiné-Bissau
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Aludindo suposta “tolerância zero”, CEDEAO legitima golpe na Guiné-Bissau

A Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, que acontece no próximo domingo em Abuja, capital da Nigéria, parece estar antecipadamente inquinada. É que uma recomendação do chamado Conselho de Medição e Segurança da organização legitima a principal intenção dos golpistas: impedir a tomada de posse do candidato vencedor das eleições de 23 de novembro.

A Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) - que acontece no próximo domingo, 14, em Abuja, capital da Nigéria - parece estar inquinada à partida. Desde logo, porque a principal intenção dos golpistas da intentona de 26 de novembro, a ter, ao que tudo indica, a anuência da maioria dos representantes dos países membros, as eleições de 23 de novembro ficam sem efeito.

A recomendação é do chamado Conselho de Medição e Segurança da CEDEAO que, entre outras propostas, defende a criação de um governo de transição com componente civil, que conduza a reformas e convoque alegadas eleições credíveis, ao mesmo tempo que recomenda a libertação imediata dos presos políticos sequestrados pelos golpistas, esta última, uma exigência popular e internacional que tem vindo a ser ampliada.

As recomendações do tal conselho não deixam de ser contraditórias com posições anteriormente assumidas por observadores internacionais e pela própria CEDEAO que, no próprio dia das eleições de 23 de novembro, afirmaram enfaticamente que todo o processo eleitoral tinha decorrido de forma credível, democrática e transparente.

A pretexto da restauração da ordem constitucional e da “tolerância zero” a golpes de Estado na sub-região, A CEDEAO legitima o golpe e as intenções que lhe estavam subjacentes: impedir a todo o custo que o candidato vencedor pudesse tomar posse.

Daqui ao regresso ao país de Umaro Sissoco Embaló a distancia parece ter ficado mais encurtada. Há, porém, um problema: desta vez, parece que a vontade e disposição popular caminha em sentido contrário.

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Redação

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