O ex-primeiro-ministro, José Maria Neves, disse hoje que o convite para chefiar a delegação da União Africana (UA) como observadora das eleições em Angola é um “motivo de orgulho” para Cabo Verde.
“Nós, em Cabo Verde, já fizemos várias eleições e estas decorrem com muita normalidade. Cabo Verde é um Estado de direito consolidado e é uma referência no continente africano e nas democracias mundiais”, afirmou José Maria Neves, para quem este convite é uma “homenagem à democracia cabo-verdiana” e ao povo dessas ilhas.
O antigo chefe do Governo fez estas declarações à saída de uma audiência com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, a quem foi informar sobre a missão que vai fazer em Angola, enquanto chefe da delegação da UA na qualidade de observadora das eleições em terras angolanas.
“É uma missão extraordinariamente importante para Cabo Verde e, por isso, achei que o senhor Presidente da República devia, em primeira mão, conhecer os meandros desta missão e ouvir também os conselhos dele relativamente a esta missão que vou realizar em nome da União Africana”, precisou Neves.
Segundo ele, neste momento, a UA já tem uma “missão avançada em Luanda” que está a preparar toda a observação das eleições por parte do continente africano.
“Já tenho os primeiros dados de uma equipa avançada que fez uma pré-avaliação da situação eleitoral”, revelou, acrescentando que as coisas estão a decorrer com “alguma normalidade”.
Admitiu que as campanhas eleitorais têm alguma dinâmica e daí determinadas questões suscitadas pelas diferentes candidaturas e até “algumas queixas”.
A partir desta quinta-feira, 17, o chefe da missão da UA estará no terreno e consta da sua agenda contactos com as autoridades angolanas, as candidaturas às próximas eleições, assim como as missões diplomáticas acreditadas em Luanda e as delegações de observadores de instituições internacionais que estarão presentes.
“Manterei o senhor Presidente da República de Cabo Verde devidamente informado sobre os dados e a evolução da situação”, garantiu o chefe da missão da UA.
Instado como o vê as críticas do líder da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), Isaías Samakuva, segundo as quais não há observadores credíveis para estas eleições angolanas, José Maria Neves explicou que estarão presentes dezenas de observadores de várias instituições internacionais.
“Temos que encarar este processo de observação com muita serenidade e responsabilidade e todos devem trabalhar para garantir que haja eleições livres e transparentes em Angola”, acentuou José Maria Neves, acrescentando que devem ser dadas garantias a todos os partidos políticos angolanos e a todas as candidaturas em como as “coisas irão decorrer normalmente”.
Lembrou que os 40 observadores da UA, de “todas as sensibilidades”, são provenientes de quase todos os países do continente e, por isso, reiterou que a missão vai garantir a todos os partidos políticos e candidaturas que as “coisas funcionem”.
“Neste momento, os dados de que dispomos apontam para que estas eleições decorram na normalidade”, asseverou José Maria Neves, assegurando que, quando chegar ao terreno, vai analisar os dados e as queixas de todas as candidaturas, conforme a legislação e a Constituição da República de Angola, para a elaboração do relatório e consequente “recomendações que forem consideradas pertinentes”.
As eleições em Angola estão marcadas para 23 deste mês. O pleito eleitoral vai contar com a participação de cinco partidos políticos (MPLA, UNITA, PRS, FNLA, APN) e uma coligação de partidos (CASA-CE).
Com Inforpress
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