Tendo abandonado a promessa de descentralização do país, uma das suas principais bandeiras eleitorais de 2016, oito anos depois, em vésperas de eleições autárquicas, o governo de Ulisses/MpD vem ressuscitar a narrativa do “desenvolvimento sustentável” das ilhas, da “proteção dos recursos naturais” e da “promoção de um ambiente económico mais inclusivo e competitivo”, e debater “novas leis e estatutos”, prometendo “transformar profundamente o panorama económico e social da Boa Vista”.
Em acentuada queda de popularidade, o governo faz fuga para a frente e quer produzir à pressa o que não fez durante oito anos. Vem isto a propósito do pacote legislativo anunciado pelo MpD na ilha da Boa Vista.
Apresentado como “Sessão de Apresentação e Discussão de Propostas de Lei para o Reforço do Poder Local”, o ato público serviu, ainda (e talvez fundamentalmente), para dar visibilidade ao candidato ventoinha à Câmara Municipal da Boa Vista, cuja pré-campanha se está a manifestar um desastre.
A fraude de todo o poder aos municípios
O MpD que, em 2016, garantiu todo o poder aos municípios e se comprometeu com a passagem de competências do poder central para o poder local, deu o dito por não dito e, em particular, nos últimos tempos, tem vindo até a apoderar-se de projetos realizados pelas câmaras, para montar um cenário de propaganda inaugural que permita canalizar para si as atenções, já que dá como perdidas as eleições autárquicas e centra baterias nas legislativas de 2026.
Tendo abandonado a promessa de descentralização do país, uma das suas principais bandeiras eleitorais de 2016, oito anos depois, em vésperas de eleições autárquicas, o governo de Ulisses/MpD vem ressuscitar a narrativa do “desenvolvimento sustentável” das ilhas, da “proteção dos recursos naturais” e da “promoção de um ambiente económico mais inclusivo e competitivo”, e debater “novas leis e estatutos”, prometendo “transformar profundamente o panorama económico e social da Boa Vista”.
Conversa fiada
A dois meses das eleições, mais coisa menos coisa, o governo e o MpD vêm agora garantir o seu “compromisso inabalável com o progresso da Boa Vista, assegurando que as novas legislações foram desenhadas para responder diretamente às necessidades reais da população, impulsionando o crescimento económico de forma equilibrada e criando uma economia de oportunidades para todas as pessoas”.
É evidente que ninguém de bom senso irá acreditar no apressado compromisso, de última hora, com o poder local, trata-se apenas de mais uma ilusão que, no máximo, garante a confiança da cada vez mais reduzida bolha ventoinha, permitindo reduzir os danos colaterais que se aproximam nas autárquicas, e maquilhar a má imagem de um governo desavergonhado que não deu resposta às necessidades mais urgentes da sociedade e que, por isso, tem a sua popularidade em queda acentuada.
Comentários
Casimiro Centeio, 8 de Set de 2024
Quem engana os ingénuos não é o Mpd, nem Ulisses com a sua cana de pesca, nem o Olavo com o seu saco de dinheiro para a compra de consciências, mas a ISCA que ambos usam como AMULETOS MÁGICOS, embalados em papéis coloridos como promessas falaciosas e venenosas que matam lenta e silenciosamrnte.
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