A sociedade queixa-se dos assaltos e dos homicídios gratuitos e o governo responde do outro lado que são exageros da comunicação social e das redes sociais.
Cabo Verde não vai bem. É preciso assumir este facto com toda a responsabilidade e a hombridade que merece. Nenhum país vive de discursos. Por uma razão muito simples: discursos não são decisões e tão pouco actos ou acções. Porque Cabo Verde apela por actos e acções. Basta de conversas, mesas redondas, workshops e entrevistas de circunstâncias! Mãos à obra, que a palavra de ordem é trabalho.
É já velho um certo discurso de que o grande diferencial competitivo de Cabo Verde é a boa governação, a estabilidade política e a segurança. A boa governação é um palavrão de difícil compreensão para nós, pobres mortais, por isso fica por conta de um outro rosário. A estabilidade política é um dado adquirido e até aqui nada a registar. Porém, a segurança tem sido um profundo logro intramuros.
É certo que Cabo Verde é um país desprovido de recursos naturais. Acredita-se todavia que ostenta uma das mais ambicionadas localizações geográficas no mundo - a meio percurso entre a África, a América e a Europa. E também acredita-se que é aqui é que reside o seu grande referencial competitivo, sobretudo se alavancado com a boa governação, a estabilidade política e a segurança – o tal velho discurso.
País pequeno, arquipelágico, com pouco mais de meio milhão de pessoas, Cabo Verde não tem mercado. E sem mercado não consegue avançar muito, porque não atrai investimentos.
Entretanto, para driblar estas variáveis, que nunca foram encaradas como fatalidades, o país fala. Fala com todos. Ao longo dos seus 42 anos de independência, abriu uma vasta plataforma de diálogo com todo o mundo, numa ofensiva diplomática inteligente, sagaz e profundamente assertiva.
Resultado? Conseguiu mobilizar parceiros, fundos e projectos estruturantes. E investiu. Sobretudo na formação do cabo-verdiano e na construção de infraestruturas. E hoje é um país de cara levantada! Um país sem remorsos nem penitências, apesar dos custos da insularidade e das injustiças da natureza.
Tudo porque o mundo tem acreditado naquilo que Cabo Verde lhe tem dito, ciente de que fez por merecer. Porque falou e agiu. E há resultados, há testemunhos.
No entanto, cá dentro as coisas não vão bem. A insegurança urbana já tomou proporções incomportáveis. Uma situação particularmente grave. Tão grave quanto a posição dos poderes públicos, no caso o governo. Este não tem assumido as suas responsabilidades e já elegeu a mentira como ferramenta de trabalho. Os factos quotidianos dizem uma coisa e o governo diz outra. A sociedade queixa-se dos assaltos e dos homicídios gratuitos e o governo responde do outro lado que são exageros da comunicação social e das redes sociais.
É inadmissível! O país precisa encarar este assunto de frente, para mobilizar todas as suas forças nesta luta. A mentira jamais prospera. Os discursos não governam o país!
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