Após quatro anos de imobilidade, a principal embarcação do país fará, no próximo dia 31 de Julho, sua primeira viagem, ligando São Vicente a São Nicolau. E com o regresso do navio Kriola, em final de reparação, Cabo Verde terá três navios de passageiros e cargas até Dezembro.
O ministro da Economia e do Emprego, José Gonçalves, visitou esta segunda-feira, 17, demoradamente, no Porto Grande do Mindelo, o navio Praia d’Aguada, e, logo de seguida, a embarcação fez uma volta nas imediações da baía, em mais um teste. E à saída confirmou o regresso do Praia d’Aguada à navegação no arquipélago.
O governante acredita que ainda esta semana estará concluído o processo de certificação do navio pela Agência Marítima Portuária (AMP). “No dia 31 de Julho vamos sair do Porto Grande, e eu estarei a bordo, para São Nicolau, onde irei participar festividades do município, inclusive com a mesa redonda sobre o turismo rural”, lançou o ministro aos jornalistas, acrescentando que se está a “afinar” se o Praia d’Aguada fica a aguardar a comitiva ministerial no porto do Tarrafal.
“Não queremos empatar, porque isto é negócio, se não houver condições para nos aguardar vamos de barco e regressamos de avião, isto é inter-modal”, concretizou José Gonçalves.
O ministro aproveitou para parabenizar toda a equipa que interveio no Praia d’Aguada, pois, segundo ele, tratou-se, neste caso, “não da recuperação mas sim da reconstrução de um navio”. “Estamos a apurar os valores, mas são avultadíssimos, com o que se fez neste barco, inclusive com a encomenda de peças na origem, porque este é um barco único, fabricado especialmente para Cabo Verde”, salientou o governante, numa alusão às dificuldades para “arrumar” tudo e colocar esta “grande barco” de novo a navegar.
Quanto ao navio Kriola, da mesma companhia Cabo Verde Fast Ferry (CVFF), também inoperacional neste momento, este já deixou a doca seca da Cabnave, mas a demora na sua recuperação, segundo o ministro, prende-se com o facto de qualquer peça ter de ser encomendado do estrangeiro.
“São peças que deveriam vir de avião, mas hoje há menos lugar nos aviões para carga, apesar de haver mais frequências”, lançou José Gonçalves, convicto de que os testes principais do Kriola estão concluídos e que se está neste momento na fase das afinações.
O ministro espera, assim, que no último trimestre do corrente ano seja possível colocar os três navios da CVFF (Liberdadi, Kriola e Praia d’Aguada) a navegar, em simultâneo, o que será “uma novidade”.
Num cenário com os três navios a funcionar em pleno, segundo o ministro, um fica no Sotavento e outro no Barlavento, enquanto o Praia d’Aguada fará a cobertura geral, com “uma outra capacidade de carga”, para complementar a rota e “melhor servir” as necessidades de transporte marítimo inter-ilhas.
O navio Praia d’Aguada passou por uma reparação de cerca de dois anos em doca seca, nos estaleiros da Cabnave, e, desde meados de 2015, encontra-se atracado ao cais do Porto Grande em trabalhos complementares de renovação nos salões de passageiros e máquinas, naquela que é considerada uma “completa reforma”. O Praia d’Aguada foi totalmente devastado na época em que esteve sob a gestão da Diallo&Macedo.
Mas desde 2013 que o Governo e a Cabo Verde Fast Ferry decidiram juntar-se para dar nova vida ao navio, considerado um dos melhores de Cabo Verde em termos de velocidade, capacidade de carga e acomodação de passageiros. Os custos da reparação do navio, construído na Alemanha em 1999, chegavam aos 60 mil contos em 2014.
A embarcação trabalha com passageiros e carga geral, mede 64 metros de comprimento, 13 m de boca, 3,9 metros de calado e uma tonelagem bruta de 1.364 toneladas.
Com Inforpress
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