Banco Central estima que a economia cabo-verdiana irá crescer entre 3 e 4%. Olavo Correia fala em 5,5% em 2018, devendo chegar aos prometidos 7% de crescimento do PIB no terceiro ano do mandato.
O ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, considera “conservadoras” as previsões de crescimento de 4% dos organismos internacionais e do banco central, mostrando-se convicto que em 2018 a economia do país acelerará para os 5,5%.
“Estamos a crescer à volta de 4% e penso que no próximo ano podemos atingir 5,5%”, disse Olavo Correia em entrevista à agência Lusa quando confrontado com a desaceleração da economia para 3,6% no primeiro trimestre de 2017, face aos 3,8% de crescimento registados em 2016.
O ministro assinalou que se trata de números provisórios e desvalorizou as previsões quer do Fundo Monetário Internacional (FMI), quer do banco central cabo-verdiano (BCV), que estimam um crescimento mais próximo dos 4% este ano e no próximo.
“Os bancos centrais são sempre conservadores e o Fundo Monetário também. No Governo, estamos a pensar que, com os instrumentos que vamos lançar e com o ambiente de negócios que vamos melhorar e a confiança que estamos a gerar na economia, será possível crescer a 5% ou 5,5%, mas para lá chegar é preciso muito trabalho do Estado, da administração pública e do sector privado”, disse.
Olavo Correia disse ainda que o prometido crescimento de 7% poderá ser atingido no terceiro ano, mas admitiu que não será atingido esse crescimento médio anual.
“Não se pode partir de estagnação para um crescimento de 7%. Isso em economia não é possível, só com um milagre. Partimos de 1%, já chegamos a 4%, vamos a 5,5% e no terceiro ano chegaremos à taxa que propomos para a economia e a partir daí vamos acelerar”, reforçou.
O ministro das Finanças, que há duas semanas vem promovendo audições com representantes de organizações da sociedade civil e internacionais com vista à preparação do Orçamento de Estado para 2018, numa iniciativa que, segundo disse, visa concretizar o conceito de “Estado parceiro” em que os “actores são agentes” e não apenas “objecto das medidas políticas”.
“Não significa ceder a tudo, mas perceber as expectativas, analisar as propostas e em função disso poder formatar um orçamento que vá ao encontro das necessidades do país”, disse.
Transportes aéreos e marítimos, fiscalidade, financiamento à economia, melhoria do ambiente de negócios e combate à exclusão e assimetrias regionais são, segundo o ministro, as prioridades de um orçamento que será “de ruptura” e “respostas claras, a problemas concretos”.
Sem avançar dados relativamente ao volume de verbas do orçamento para 2018, Olavo Correia sublinhou a necessidade de aumentar as receitas, assegurando que tal não implica necessariamente o aumento de impostos.
“Estamos a trabalhar para evitar os aumentos de impostos. É preciso aumentar a base tributária e pôr todo o mundo a pagar impostos (..) para termos os recursos necessários para investir na segurança, na educação na saúde e em outros setores relevantes para o futuro”, disse.
Neste contexto, revelou que as empresas cabo-verdianas têm tido “uma boa adesão” ao programa voluntário de pagamento de dívidas ao Estado, lançado este ano e que já conseguiu recuperar 10 milhões de euros, o equivalente a 10% do montante global estimado de dívidas.
“É um bom começo. Cabo Verde não pode hoje contar com a ajuda pública que vinha contando no passado, o espaço de endividamento é cada vez menor e para continuarmos a investir, precisamos de receitas. Todos têm que pagar para que cada um pague menos”, disse.
A previsão de crescimento de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano constava já do Orçamento de Estado para 2017, que previa um défice das contas públicas para 3%, tendo como prioridades a segurança pública, a justiça e a promoção do crescimento económico.
Na mesma entrevista à Lusa, Olavo Correia disse que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) pode vir a participar na criação do Fundo Soberano de 100 milhões que Cabo Verde quer criar para apoiar o sector privado.
O Fundo Soberano de Garantia de Investimentos Privados, dotado de um capital inicial de 100 milhões de euros, visa permitir que as empresas tenham acesso ao mercado externo bancário e de capitais para financiarem investimentos de maior envergadura.
A criação de um Fundo foi anunciada pelo primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, mas pormenores sobre a forma de capitalização e as condições para acesso a garantias do referido fundo não foram divulgados.
O governante admite a possibilidade de a Caixa Geral de Depósitos poder participar na operação de capitalização, mas escusa-se a revelar mais dados, remetendo para breve a divulgação de toda a informação sobre o referido fundo.
Em Junho passado, o BCV divulgou o seu relatório de Estabilidade Financeira referente a 2016 em que, além de estimar um crescimento económico entre 3 e 4 por cento para 2017, perspectiva melhorias no mercado de trabalho relacionadas com o "aumento dos investimentos privados e da formação bruta de capital fixo privado, sustentada por projectos de investimento externo".
Com Lusa e Inforpress
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