A companhia BestFly transportou 2.800 passageiros no primeiro mês da concessão do serviço público de transporte aéreo interilhas em Cabo Verde, acima das expectativas iniciais, sendo já uma operação “sustentável”, disse à Lusa o diretor-geral do grupo angolano.
A operação da BestFly em Cabo Verde arrancou há praticamente um mês e desde então, de acordo com Nuno Pereira, a companhia aérea operou mais de 100 voos entre as ilhas do arquipélago, com uma taxa média de ocupação de 68%, acima das expectativas iniciais, que eram de 50%.
“A taxa de ocupação de 68% é bem acima do previsto e já faz com que a operação seja sustentável”, afirmou à Lusa o diretor-geral da BestFly, a única companhia que neste momento está a operar os voos internos no arquipélago.
O grupo de origem angolana foi escolhido pelo Governo cabo-verdiano, após consulta ao mercado, para assumir a partir de 17 de maio uma concessão emergencial, de seis meses, do serviço público de transporte aéreo de passageiros interilhas. A escolha foi anunciada em 14 de maio pelo Governo, perante a ausência, há várias semanas, de bilhetes e voos agendados pela Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV, do grupo espanhol Binter) a partir de 17 de maio – num aparente diferendo com o Governo, reclamando apoios financeiros devido ao impacto da pandemia de covid-19 -, sendo esta a única que operava, há quase três anos, as ligações aéreas internas.
O diretor-geral da companhia BestFly já tinha assumido anteriormente os objetivos de baixar o preço dos voos domésticos em Cabo Verde e permanecer além do contrato emergencial de seis meses.
“O que nos comprometemos com o Governo de Cabo Verde foi em arranjar uma solução em que o Estado de Cabo Verde não tivesse despesa e nós, enquanto empresa, não tivéssemos despesa. Atingirmos o 'breakeven' [equilíbrio financeiro] é o nosso objetivo”, afirmou, em entrevista anterior à Lusa, na Praia.
Nuno Pereira garantiu que apesar das dificuldades do setor, com forte quebra na procura no último ano, devido à ausência de turismo, o estudo de mercado realizado sugere que continua a ser “um negócio bastante apelativo”.
“Nós temos a nossa operação muito bem organizada, com contenção de custos, com eficiências técnicas e operacionais, porque como é óbvio não podemos perder dinheiro. Mas a ideia também não é vir ganhar muito dinheiro e isso é refletido pelo preço dos bilhetes. Vão baixar, vão ser mais baratos, essa é a ideia”, disse Nuno Pereira.
“Esse foi o nosso compromisso com Cabo Verde. Foi trazer soluções de transporte a um preço que seja equilibrado e condicente com a situação atual que o mundo vive”, acrescentou.
O grupo BestFly resulta de uma empresa de origem familiar criada em Angola e opera ainda em geografias como Dubai, República do Congo ou Portugal.
A operação em Cabo Verde, onde o grupo afirma ter uma empresa própria, arrancou com o operador BestFly Angola, enquanto aguarda a certificação da Autoridade de Aviação Civil (AAC) como operador cabo-verdiano, e com uma aeronave ATR72-600, prevendo a chegada da segunda até final de junho.
“Só não chega mais cedo por causa da manutenção a que está a ser sujeita, tão logo esteja pronta vem para Cabo Verde”, garantiu o diretor-geral da companhia, assumindo que o objetivo da BestFly no arquipélago é “continuar após os seis meses” do contrato de concessão emergencial.
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