Sociedade

A exoneração de Furtado surge um dia após o gestor ter demitido o jornalista Geremias Furtado dos quadros da Inforpress, sem razão aparente e sem levantamento de processo disciplinar, embora tenha ficado perceptível que tal se deveu ao facto de José Vaz Furtado acreditar que foi o jornalista quem teria denunciado para o Santiago Magazine o clima de tensão e instabilidade que vive a agência de notícias cabo-verdiana.

No seu comunicado, o Governo diz que deu “orientações ao representante do Estado, accionista único da Inforpress, para a adopção de uma deliberação unânime no sentido de exonerar o actual administrador único da sociedade, dr. José vaz Furtado”.

“O governo defende a autonomia e independência dos órgãos públicos de comunicação social, tendo em consideração o alto nível de responsabilidade e de qualidade da democracia cabo-verdiana e da liberdade de imprensa no contexto africano e mundial”, lê-se na nota do Gabinete da Chefia do Governo, que aproveita para prestar “um justo reconhecimento pelo dedicado e competente trabalho realizado pelo dr. José Vaz Furtado desde o início das funções em Setembro de 2021”.

A decisão do Executivo em exonerar Vaz Furtado do cargo acontece menos de 24 horas depois de o gestor ter demitido o jornalista Geremias Furtado, por sinal presidente da AJOC, dos quadros da Inforpress sem nenhuma justificação oficial.

A nota que dá por findo o contrato de trabalho do jornalista com a Inforpress saiu horas depois de Santiago Magazine ter publicado uma notícia que dava conta de haver uma tensão na agência entre a administração e a redação, situação agravada com a deslocação do director de informação da Inforpress a Marrocos para a cobertura dos jogos do mundial de clubes.

A notícia de SM dizia que os jornalistas da agência pública de notícias estavam indignados com a situação, porquanto o director de informação, Hélio Robalo, terá enganado a redação de que iria participar num evento a convite da Federação Atlântica das Agências de Notícias Africanas (FAAPA), quando “na verdade foi assistir aos jogos do mundial de clubes”, que decorreram naquele país magrebino de 1 a 11 deste mês, “tudo à custa da Inforpress”.

Ao Santiago Magazine, o administrador-único, José Vaz Furtado, preferiu o silêncio, apenas facultando documentos que confirmam o convite da FAAPA para um jornalista “cobrir a Copa do mundo de clubes”.

Irritado com a matéria, José Vaz Furtado terá entendido que foi o jornalista Geremias Furtado a fonte de Santiago Magazine e, sem pensar duas vezes, poucas horas a notícia sair emitiu um comunicado de imprensa e a seguir avançou com a demissão do jornalista. Agora, como era previsível, é o próprio José Vaz Furtado que cai pelas mãos do Governo.