Ministro da Administração Interna quer militares a fazer o patrulhamento das ruas, enquanto se mantiver a greve dos agentes da Polícia Nacional, iniciada ontem e que vai até amanhã, 29. Em 2014, o MpD, hoje no Governo, era contra essa ideia.
Flash-back: em Outubro de 2014, o Ulisses Correia e Silva, líder do MpD, na altura na oposição, reunia-se com o ex-primeiro-ministro, José Maria Neves. Sobre a mesa, entre outros assuntos, a decisão do então Governo de colocar a Polícia Militar nas ruas da cidade da Praia para ajudar a estancar a onda de criminalidade na capital.
Neves socorreu-se da Constituição da República para argumentar que as Forças Armadas (FA) podem, sob o comando da Polícia Nacional (PN), fazer o trabalho de segurança e de ordem pública. E que o seu Executivo tinha que “dar sinais claros e aqui não pode haver cedência, que não estamos a ajoelhar-nos ou a resignarmo-nos perante qualquer acto criminoso a nível do país”, reforçando que era necessário “muscular a presença da polícia na rua e as Forças Armadas vão continuar a fazer o seu trabalho complementarmente ao da polícia”.
O MpD, que já se tinha posicionado contra o envolvimento dos militares na segurança pública, manteve a posição. “Primeiro há que se respeitar o quadro legal existente”, disse na ocasião Ulisses Correia e Silva, referindo que “ainda há o problema da especificidade das funções como também da imagem”. “Não podemos passar a mensagem de um país militarizado”, sustentou.
As circunstâncias de há três anos e as de hoje não são idênticas. Em 2014, a medida era forçada pelo aumento vertiginoso da criminalidade ante a ineficácia da polícia. Desta vez, é a própria polícia, em busca dos seus direitos, que suspende os trabalhos no terreno, em época festiva e mais propensa a assaltos contra pessoas e propriedades, obrigando o Governo a recorrer aos serviços da Policia Militar. Ainda que pontualmente.
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