Sociedade

Em conferência de imprensa realizada no final da manhã, a vice-presidente da Associação Sindical dos Jornalistas Cabo-verdianos (AJOC), Gisela Coelho, disse ser esta medida que estava à espera por parte do executivo, lamentando, entretanto que a situação tenha chegado a este ponto, argumentando que “havia sinais de que soluções precisavam ser feita em relação ao rumo que a Inforpress estava a tomar nos últimos tempos”.

“É com alegria, posso dizer e congratulamos imenso com a atitude do Governo que é aquilo que, no fundo, estávamos à espera e penso que toda a gente acredita, que seria a medida mais correcta, tendo em conta que na Inforpress não gozava, neste momento, do melhor ambiente laboral para que os jornalistas possam fazer o seu trabalho com credibilidade, isenção, transparência e a democracia, realçou Gisela Coelho.

Para a vice-líder da AJOC, resta agora ver os contornos legais sobre a eventual readmissão do jornalista demitido e promete “continuar a luta normalmente”, de forma a lutar pelos direitos e ao mesmo tempo chamar a atenção para os deveres dos jornalistas.

Coelho, ainda assim, exigiu “luta pelo máximo rigor da classe e pela liberdade de imprensa no País”, e considerou “essencial e fulcral” que a Inforpress deixe de ser gerida por um gestor único, alegando que isto dá abertura para imensos conflitos e medidas autoritárias.

A direcção da AJOC condenou a demissão do associado “sem qualquer aviso prévio e, ao que tudo indica, sem qualquer fundamento e argumentação plausível, que justifique o despedimento”, afirmando que “se configura arbitrário”, pelo que disponibilizou-se de imediato a “todo o apoio, incluindo jurídico, para apoiar este associado, conforme procedimento habitual em situações do género”.

“Mais, estranhamos que a medida, tomada unilateralmente pelo gestor único da Inforpress, José Vaz Furtado, contra o seu trabalhador surge quando ainda decorre na Autoridade Reguladora da Comunicação Social – ARC e na Inspeção Geral do Trabalho – IGT – dois processos metidos pelo trabalhador da Inforpress – Geremias Furtado contra o gestor único, José Vaz Furtado, por assédio laboral, referiu Coelho.

O Governo de Cabo Verde exonerou hoje José Vaz Furtado do cargo de administrador único da Inforpress, decisão contida em nota de imprensa do Palácio da Várzea.

“O Governo defende a autonomia e a independência dos órgãos públicos de comunicação social, tendo em consideração o alto nível de responsabilidade e de qualidade da democracia cabo-verdiana e da liberdade de imprensa no contexto africano e mundial”, indica a nota de imprensa do Governo.