Se a escola, segundo Brito (2021, p.26) “pode ser considerada como uma das organizações mais importantes de qualquer sociedade”, o futuro de qualquer organização e da sociedade é o reflexo do bom ou mau funcionamento da escola. Em conclusão, afirmo que qualquer investimento será em vão e frágil, se não for dada a atenção necessária para uma educação de qualidade no país. Focar numa educação capaz de fazer perguntas certas que levam a reflexões acertadas, com foco na aprendizagem, na formação, no desenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens.
A Escola e o Professor
Se o objetivo da escola é o de formar e preparar pessoas para a vida, ela deve estar ciente de que a via principal é a aprendizagem e esta deve ser uma construção. Para tal, é importante saber que a escola, além de edifícios com salas de aulas, quadros, turmas, currículo, programas, distribuição de horários, professores, ela é, sobretudo, relações entre pessoas, pois uma escola são pessoas que trabalham com pessoas e para pessoas.
Se o que se quer é uma educação de qualidade que cumpre com o seu real objetivo, a escola deve trabalhar, focando-se nos alunos, na aprendizagem e não nos curricula e programas. Enquanto organização, ela deve ter a liberdade de, sem deixar de cumprir com os programas formais, construir junto com os seus educandos os conhecimentos, as competências, adaptando às especificidades e caraterísticas próprias de cada escola, inserida no contexto da sua comunidade. Dessa forma, o papel do professor é de criar um ambiente propício para que o aluno aprenda, e ser ele o que Bruner denominou de “andaime”.
Segundo os escritos vigotskianos, o professor deve ter domínio do assunto a trabalhar, para poder mediatizar os saberes, mas, todo o processo deve ocorrer num contexto de interatividade e negociação.
Para que isso realmente aconteça, é preciso um grande investimento na formação do professor, uma formação de qualidade para que o professor possa estar em condições de trabalhar para uma educação, também, de qualidade. Este investimento deve ser feito, tanto pelo governo como pelo próprio professor. Este deve focar no aluno; procurar conhecer suas necessidades; saber o que sabem e o que são capazes de fazer. Ter a visão de que o aluno é um ser social, inserido numa sociedade, e é protagonista e produto de várias interações sociais, tanto da vida escolar como da vida fora da escola. Daí, o professor deve ter a consciência de que o aluno não é o que julgam ser “tábua rasa”, e que o professor, por sua vez, não é o detentor dos saberes, e o papel do professor não é transmitir conhecimentos.
Os desafios de modernização da educação em Cabo Verde
Os desafios de modernização da educação em Cabo Verde são profundos. Embora tenha acontecido sensíveis mudanças, a nível teórico, as práticas são tão antigas, de forma que qualquer um que tenha passado pela escola sabe o que é e o que se faz na escola. Não se nota ainda, como devia ser, a preocupação por parte do Estado e dos respetivos responsáveis para com a qualidade da educação em Cabo Verde. O que se vê, normalmente nos finais dos anos letivos, são resultados de avaliações quantitativas, em resposta às questões comuns como: qual a percentagem de alunos que transitaram de ano? Quantos alunos não transitaram de ano? Quais as disciplinas para cada ano? Quais os conteúdos ensinados? Só que são números vazios, números que pouco dizem sobre o real desenvolvimento dos alunos.
Precisamos de um Estado que invista muito, além da construção dos edifícios escolares. Precisamos de mais coesão entre as necessidades do país, os programas governamentais, as políticas educacionais, as práticas educacionais na escola e as ambições das comunidades. Precisamos de uma escola que trabalha com a comunidade para a resolução dos problemas educacionais das comunidades e para a resolução dos problemas do país. Citando FNUAP (2017), a educação é” o melhor investimento do mundo” e tem o incrível poder de criar uma sociedade mais saudável e reprodutiva.
Gasta-se dinheiro e tempo na construção de cadeias, disponibilizando-se milhões com a alimentação dos presos e com a formação de policiais e, no final, temos uma sociedade, cada vez, mais conturbada e menos segura. Até agora, não notaram estar atirando no alvo errado. Porque não, tomar como referência, os países que estão tendo resultados? Porque não, investir mais na formação dos professores?
Se a escola, segundo Brito (2021, p.26) “pode ser considerada como uma das organizações mais importantes de qualquer sociedade”, o futuro de qualquer organização e da sociedade é o reflexo do bom ou mau funcionamento da escola. Em conclusão, afirmo que qualquer investimento será em vão e frágil, se não for dada a atenção necessária para uma educação de qualidade no país. Focar numa educação capaz de fazer perguntas certas que levam a reflexões acertadas, com foco na aprendizagem, na formação, no desenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens.
[1] Nélida Reis é estudante da Uni-CV, Faculdade da Educação e Desporto e estuda 3º Ano do Curso de História e Geografia.
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