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Crônicas da Emigração. Porque não adotar políticas que beneficiam o mercado e o rendimento disponível do cabo-verdiano?   
Ponto de Vista

Crônicas da Emigração. Porque não adotar políticas que beneficiam o mercado e o rendimento disponível do cabo-verdiano?  

Em minha mais recente viagem de regresso ao país, vi de perto a injúria que muitos enfrentam nos aeroportos, a lutar para conseguir favores com o excesso de bagagens, ou pagando balúrdios para embarcar com mais um saco de mão ou no porão, tudo para que não percam a oportunidade de trazer aq preciosa encomenda que se destina a algum familiar ou amigo, ou, em certos caso, para garantir algum diinheiro extra, para o tão demandado pão de cada dia. Chega-se a pagar mais da metade do valor de uma passagem de avião nesta brincadeira, sem contar com a cara de pau de alguns nas alfândegas dos aeroportos de nosso país, que arbitraria e criminosamente cobram elevados valores em taxas/tarifas alfandegária legalmente estabelecida/recomendada, deixando quem regressa com a única opção lógica de abdicar do bem no qual investiu, já que sai mais barato, salvo situações em que uma cunha safa o investimento.

As políticas e taxas/tarifas aéreas, internacionais e nacionais, sobre as bagagens, bens e produtos não beneficiam o mercado cabo-verdiano

As atuais gerações cabo-verdianas, ou pelo menos as que têm raízes di têra e um pouco de contacto com a terra-mãe, muito têm para contar sobre a importância das encomendas e as remessas que enviam do estrangeiro, conferindo significado e vida a canções  e letras de icónicas poesias, como o ‘Regrésu’  de Eugénio Tavares, a‘inkomenda d’têra’ de Mirri Lobo, o ‘’Vapor d’imigrasón’ da Mayra Andrade, porções da ‘fomi 47’ de Codê di Dona e muitas outras igualmente dignas de menção, que narram as façanhas e desventuras culturais de toda uma nação.

Convém afirmar que Cabo Verde, sem essas façanhas e desventuras, abdicava-se de significativos traços identitários que o definem e norteiam enquanto país e nação. Sociologicamente, é possível perceber esses traços identitários, tomando como referência as remessas e encomendas da comunidade emigrada, tentnando descrever e prever diversas conjunturas do país, e é claro, numa análise ligada às motivações que promovem tais envios durante determinado período.

Passo a explicar:

Numa conjuntura económica favorável, em que a situação se afigura estável, as encomendas e remessas têm como motivo primordial a obtenção de lucros; contrariamente, quando a conjuntura é má o motivo principal é suprir demandas pessoais e familiares, e a ideia do lucro é relegada para plano secundário.

Todo o indivíduo que colocar um olhar cuidado sobre Cabo Verde e a vida das pessoas, há de concordar que aqui a tendência da moda e da tecnologia está umbilicalmente ligadas às remessas e encomendas que chegam do estrangeiro. É evidente a relação prevalecente entre as preferências atuais de cada faixa etária cabo-verdiana e o fenómeno das encomendas e remessas dos emigrantes, bastando averiguar quais os produtos que mais entram no país como algo ‘mandado’ para cada faixa etária em concreto.

Verdade é que todo cabo-verdiano de alma, coração e, como anteriormente referido, com raízes di têra, enche a bagagem com encomendas e remessas para primeiramente presentear e depois colocar à disposição do mercado do país.

Eis a razão pela qual as *Náia’s são partes da cultura cabo-verdiana; a razão porque, em alguns casos, é burla à uma norma de trato social qualquer que só quem é cabo-verdiano entende e uma tremenda falta de decorro e consideração não trazer encomendas numas férias ao país. Tolera-se que falte algo para alguém na maleta, mas não trazer nada para dar aos outros?! Que ingratidão e falta de senso e boa vontade cabo-verdianos!

À luz da cultura, é ingrato e falso amigo e familiar todo aquele que vai viajar de ou para Cabo Verde e não avisa se alguém tem algo para receber da ou enviar à terra.

Em minha mais recente viagem de regresso ao país, vi de perto a injúria que muitos enfrentam nos aeroportos, a lutar para conseguir favores com o excesso de bagagens, ou pagando balúrdios para embarcar com mais um saco de mão ou no porão, tudo para que não percam a oportunidade de trazer aq preciosa encomenda que se destina a algum familiar ou amigo, ou, em certos caso, para garantir algum diinheiro extra, para o tão demandado pão de cada dia. Chega-se a pagar mais da metade do valor de uma passagem de avião nesta brincadeira, sem contar com a cara de pau de alguns nas alfândegas dos aeroportos de nosso país, que arbitraria e criminosamente cobram elevados valores em taxas/tarifas alfandegária legalmente estabelecida/recomendada, deixando quem regressa com a única opção lógica de abdicar do bem no qual investiu, já que sai mais barato, salvo situações em que uma cunha safa o investimento.

Que tem isso a ver consigo, pergunta. Pois bem...

Tem a ver consigo que o extra que a Dona Fulana paga pelo excesso de peso provocado pelo bacalhau que planeia vender será adicionado ao valor que você e muitos da terra hão de pagar para colocar umas lascas de bacalhau na mesa pro jantar de Natal, e nisso, bacalhau a bacalhau vamos inflacionando o preço marginal do produto, e por conseguinte, aos poucos encarecer um mercado onde o salário mínimo atual dá nas vistas pelo mínimo e não por ser salário.

*Referência a uma das canções da Lura

 

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