A oposição venezuelana denunciou que o Governo gastou 170 milhões de dólares (143 milhões de euros) na defesa do empresário Alex Saab, considerado testa-de-ferro do Presidente Nicolás Maduro, preso em Cabo Verde, e que os EUA solicitam extradição.
“A Venezuela está surpreendida porque a sua defesa custou 170 milhões de dólares ao país, que deveriam ser usados para comprar vacinas ou reparar refinarias”, denunciou o opositor Marco Aurélio Quiñones, do partido Vontade Popular, na sua conta do Twitter.
“Inventaram um status diplomático para ele, queriam vendê-lo como um bom venezuelano, organizaram uma caravana e até lhe fizeram um concerto de ‘cumbia e reagueaton’ (estilos musicais) para exigir a sua liberdade. Foi inútil, o seu futuro concerto como solista solo será perante funcionários da DEA”, afirmou.
Por outro lado, questionou “a campanha de vitimização” de Alex Saab, feita pelo seu defensor, o ex-juiz da Audiência Nacional de Espanha e advogado, Baltasar Garzón.
A oposição venezuelana acredita que Alex Saab será extraditado em breve para os Estados Unidos e acusa o empresário de aproveitar contratos sobrevalorizados com a venda de caixas com alimentos subsidiados pelo Estado, além de ser responsável pela operação logística e financeira da exploração ilegal do ouro venezuelano.
O Supremo Tribunal de Justiça cabo-verdiano autorizou, quinta-feira, a extradição para os EUA de Alex Saab, disse à Lusa fonte da defesa, que vai recorrer da decisão para o Tribunal Constitucional.
“Fomos hoje notificados da decisão do Supremo Tribunal de Justiça de Cabo Verde sobre o processo de extradição em curso contra o embaixador e ‘enviado especial’ Alex Saab”, explica a defesa, numa declaração enviada à Lusa em que refere que ainda está a “estudar” a decisão, que autoriza a extradição, rejeitando assim o recurso apresentado em Janeiro.
“Entretanto, podemos afirmar que iremos interpor recurso para o Tribunal Constitucional e reafirmar a nossa confiança na libertação do embaixador Saab”, acrescenta.
Alex Saab, de 49 anos, foi detido em 12 de Junho de 2020 pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos Estados Unidos da América (EUA), quando regressava de uma viagem ao Irão em representação da Venezuela, na qualidade de “enviado especial”.
Por ter ultrapassado o prazo legal de prisão preventiva, o empresário colombiano foi colocado em prisão domiciliária, também na ilha do Sal, no final de Janeiro, mas sob fortes medidas de segurança.
A Venezuela diz que Alex Saab viajava com passaporte diplomático daquele país, enquanto “enviado especial”, pelo que não podia ter sido detido.
A detenção de Alex Saab colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre os regimes de Nicolás Maduro, na Venezuela, e a presidência norte-americana, com Donald Trump.
Os EUA, que pedem a extradição do colombiano, acusam Alex Saab de ter branqueado 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar actos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.
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