Israel bombardeia capital do Catar, em violação do direito internacional
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Israel bombardeia capital do Catar, em violação do direito internacional

O Exército israelita efetuou nesta terça-feira, 09, um ataque aéreo a Doha, capital do Catar, contra dirigentes do Hamas, numa ação inédita que remete o conflito no Médio Oriente para um novo patamar. O ataque atingiu dirigentes do Hamas durante negociações para o cessar-fogo. O governo do Qatar denuncia violação do direito internacional e ameaça à segurança regional.

Uma sequência de fortes explosões foi registada em áreas residenciais de Doha, onde se encontrava reunida a delegação do grupo palestiniano que participava em negociações relacionadas com a proposta de cessar-fogo apresentada pelos Estados Unidos da América (EUA).

O Catar, que abriga a maior base militar norte-americana da região e tem atuado como mediador central entre Hamas e Israel, reagiu com dureza.

Majed Al Ansari, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, considerou que o ataque “criminoso” representa “uma violação flagrante de todas as leis e normas internacionais e uma grave ameaça à segurança de cidadãos e residentes no Catar”.

Em nota oficial, o governo do Catar afirma que não tolerará “esse comportamento imprudente de Israel e sua contínua manipulação da segurança regional”, acrescentando, ainda, que as investigações sobre o incidente estão em curso.

Ataque compromete esforços diplomáticos

Segundo observadores internacionais, este ataque de Israel deverá “comprometer diretamente os esforços diplomáticos para pôr fim à guerra em Gaza”, que já se prolonga por quase dois anos.

A rede de televisão Al Jazeera refere que fontes ligadas ao Hamas disseram que a delegação estava reunida para avaliar a mais recente proposta americana quando foi atingida. E a emissora saudita Al-Arabiya revelou que informações iniciais apontam para a morte de Khalil al-Hayya, chefe da equipa de negociações do Hamas.

Por sua vez, a ofensiva foi confirmada pelas Forças de Defesa de Israel, que a classificaram como um “ataque direcionado” contra a alta cúpula do Hamas.

O ataque acontece menos de duas semanas após o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Israel, tenente-general Eyal Zamir, ter prometido alcançar os líderes do Hamas “onde quer que estejam”.

Ao atingir a capital do Catar, país considerado, até agora, seguro e central nas negociações de cessar-fogo, Tel Aviv rompeu um tabu diplomático e expôs a fragilidade de um dos poucos canais de diálogo ainda existentes entre as partes em guerra.

Além de Gaza, Israel mantém ataques frequentes no Líbano, Iémen, Síria e na Cisjordânia ocupada, ampliando o risco de regionalização do conflito.

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Redação