O presidente da Comissão Política Regional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde apelou à demissão de Augusto Neves. Adilson Graça falava hoje no Mindelo, durante uma conferência de imprensa, onde defendeu que Neves é o “responsável político pelos estragos e mortes causadas pelas chuvas” na ilha, na sequência da tempestade de 11 de agosto.
Segundo Adilson Graça, o PAICV está a ponderar apresentar uma moção de censura ao presidente da Câmara Municipal de São Vicente. “Responsável político ele será sempre. É claro que nós não o vamos culpar pelas chuvas torrenciais. Não o vamos culpar pela falta de aviso, da falta de alerta, mas temos sempre de o culpar por aquilo que ele não fez ou por aquilo que ele fez de errado, de forma inconsequente, de forma teimosa”, disse o presidente da CPR.
Graça recordou que Augusto Neves autorizou construções na zona de passagem de águas pluviais, em Chã de Alecrim e noutras ribeiras, e que também não mandou fazer a limpeza dos diques e dos esgotos da cidade, permitindo o acumular das águas que causaram estragos materiais e a perda de vidas humanas.
Não houve fiscalização e desentupimento das zonas afetadas
“As situações que aconteceram foram gravíssimas. Nós tivemos mortes na ilha por causa da força das águas, porque os sistemas não funcionaram, porque os diques não foram desassoreados, as ribeiras estão sujas de entulhos e de todo o tipo de restos de materiais de construção”, referiu Adilson Graça, acrescentando que “não há fiscalização e nem desentupimento dessas zonas”.
Ainda segundo o presidente da CPR do PAICV, as chuvas ocorridas em São Vicente "vieram pôr a nu, mais uma vez, a incapacidade e a inépcia" da câmara local - suportada pelo Movimento para a Democracia (MpD) há 21 anos, e liderada por Augusto Neves há quinze - em resolver os problemas da ilha.
Câmara falha na limpeza do centro da cidade e de outras zonas
Graça disse que o PAICV também pretende assacar responsabilidades atuais, pela omissão na limpeza do centro da cidade, dos esgotos e de várias zonas em São Vicente.
“Como poderíamos aceitar que, um mês depois do fatídico dia 11 de agosto, a Câmara de São Vicente não tenha sido capaz de efetuar a limpeza do centro da cidade e das diversas zonas, bem como a resolução do grave problema de esgotos a céu aberto”, criticou o dirigente tambarina.
O líder local do PAICV recordou, ainda, que, no mandato anterior, foi submetido a tribunal um pedido de perda do mandato de Augusto Neves por causa de “situações gravosas, as quais o ministério da tutela, o próprio Governo, através do Ministério das Finanças, e o Tribunal de Contas tinham nos seus relatórios”. Situações que, frisou, “claramente poderiam levar à perda do mandato” do autarca.
C/Inforpress
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