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Uma nova agenda para juventude africana
Ponto de Vista

Uma nova agenda para juventude africana

Hoje vivemos num contexto novo e que se renova a cada minuto. Um tempo simultaneamente de grandes oportunidades e de incertezas e riscos. As causas são outras, mas são igualmente complexas e exigentes, pelo que requerem, como no passado, consciência, entrega, comprometimento, coragem, determinação e muita generosidade da nossa parte. Antes de mais, a preservação da NOSSA CASA COMUM, passando pela Educação, formação e Emprego, pelos desafios da Nova Economia, das novas fontes de Energias, pelo comprometimento com o Crescimento AZUL, a Saúde, a Paz, mais e melhores Oportunidades Económicas, Políticas e Sociais, que garantam a plena participação dos jovens dos nossos países, do nosso Continente e do Planeta onde vivemos. Esses temas, desafios ou combates são essências e incontornáveis para a juventude do mundo inteiro, mas ganham especial relevância no NOSSO CONTINENTE, onde ainda buscamos soluções para os velhos problemas, mas temos de também estar à altura para responder aos novos problemas que desassossegam a humanidade.

Com 70% da população com menos de 30 anos, a África apresenta uma grande oportunidade, mas também um desafio Gigante! Por exemplo, no que diz respeito à empregabilidade, de acordo com o relatório do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), até 2050, África albergará 38 dos 40 países mais jovens do mundo, com populações com idade média abaixo dos 25 anos. Isso resultará na estimativa de 10 a 12 milhões de novas pessoas ingressando no mercado de trabalho, a cada ano. Essas estatísticas indicam que uma quantidade considerável de investimento deve ser direcionada ao desenvolvimento humano para se poder aproveitar da melhor forma possível esse dividendo demográfico.

A Quarta Revolução Industrial está sobre nós, e o avanço da tecnologia, é fundamental que os jovens e os profissionais africanos tenham os níveis de qualificação e as competências que nos permitam acompanhar as grandes transformações em favor do desenvolvimento do nosso Continente, do progresso e bem-estar das africanas e dos africanos. Acreditamos nas potencialidades do empreendedorismo digital para capacitar os jovens africanos, mas também nas possibilidades relacionadas com a agricultura sustentável, com as energias limpas, com um melhor conhecimento e exploração sustentável dos recursos marinhos e marítimos, da ciência e da investigação, entre outros domínios.

De acordo com o relatório do ‘’African Economic Outlook 2017’’, espera-se que o aumento da população da África gere um aumento dos gastos do consumidor de 680 bilhões em 2008 para 2,2 trilhão de dólares em 2030. Este crescimento da população da África apresenta uma grande oportunidade para as inovações e novas ideias empreendedoras. No entanto, exige a criação do ambiente certo para incentivar essas novas ideias. É necessária uma mudança de mindset, para que se possa empoderar os jovens africanos. Para isso é fundamental a aposta na educação por forma a dotar os jovens dos conhecimentos e das competências certas para a chamada Era Conceptual.

Já o ‘’Economic Development in Africa Report 2019’’ nos diz que a Área de Livre Comércio Continental da África levará à criação de um único mercado continental de mais de 1,3 bilhão de pessoas, com uma produção anual combinada de US $ 2,2 trilhões. Somente a fase de transição para a Área de Livre Comércio Continental poderia gerar ganhos sociais de US $ 16,1 bilhões e aumentar o comércio intra-africano em 33%. A realização de todos os ganhos potenciais da Área de Livre Comércio Continental Africana exigirá uma ampla gama de políticas complementares, para enfrentar vários desafios, projetados para aprimorar um nexo de comércio-industrialização emergente no continente: da facilitação de negócios e comércio à infraestrutura, das capacidades produtivas políticas de empreendedorismo.

Neste sentido, como todos estes dados deste relatório, também a Área de Livre Comércio Continental Africana é uma oportunidade renovada do nosso continente de afastar suas relações econômicas da dependência de doadores externos, credores estrangeiros e dependência excessiva de mercadorias, inaugurando uma nova era econômica e política focada na cooperação autossuficiente, integração mais profunda e maior níveis de comércio intra-africano. A Área de Livre Comércio Continental Africana poderia impulsionar as economias africanas, harmonizando a liberalização do comércio em nível continental, promover a diversificação econômica e o comércio intra-africano e promover um setor manufatureiro mais competitivo.

Perante estas oportunidades em mãos temos de ACREDITAR que é possível uma nova Agenda para Juventude Africana. Os nossos países, as nossas organizações, as nossas juventudes e em particular a nossa geração têm um papel fundamental neste processo. Contruir um futuro melhor para os nossos filhos e netos, um Continente mais seguro, livre, próspero e de esperança, É RESPONSABILIDADE NOSSA! Temos de dialogar mais, aproximarmo-nos mais, conhecermo-nos melhor, cooperarmos mais para que possamos fazê-lo juntos e assim SALDAR a NOSSA Dívida para com a GERAÇÃO que lutou pela nossa autodeterminação.

cfidelcardoso@gmail.com

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Redação