A violência baseada no género (VBG) aumentou 8 por cento (%,) de 267 para 289, durante os meses de Abril e Maio, comparativamente com o mesmo período de 2019, revelam dados da Polícia Nacional (PN), fornecidos pelo ICIEG.
A Cidade da Praia é, conforme os mesmos dados do ICIEG, a região com mais agressões (71), seguida de São Vicente (55). A seguir vêm São Filipe, Fogo, (26), Sal (22) e Santa Cruz (21).
Em Santa Catarina de Santiago, contabilizou-se 11 casos, Maio 10, enquanto Ribeira Grande de Santo Antão e Tarrafal de Santiago registaram nove cada.
Os concelhos de Ribeira Brava de São Nicolau, Ribeira Grande de Santiago e São Miguel, no interior de Santiago, são aqueles que registaram menor número de casos de VBG durante o período em análise, apenas um.
Santa Catarina do Fogo, São Salvador do Mundo contam com dois casos cada, enquanto Mosteiros, Boa Vista e Paul contabilizam quatro. Ponta de Sol, em Santo Antão, São Lourenço dos Órgãos em Santiago e Brava têm cinco.
Seguem-se São Domingos (06), Tarrafal de São Nicolau (06), Tarrafal de Santiago (09), Ribeira Grande de Santo Antão (09) e Porto Novo, Santo Antão, (09).
“A rede de atendimento às vítimas VBG funcionou durante a campanha e as vítimas não hesitaram em denunciar e pedir apoio”, garante o Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), fazendo uma leitura aos dados avançados pela PN sobre o aumento de 8% de VBG durante o confinamento social.
Em nota enviada à Inforpress, o ICIEG afirma que “a linha SMS 110, a Máscara 19, as casas de protecção disponibilizadas permitiram a muitas vítimas sentir que não estavam sozinhas, conforme a campanha lançada pelo instituto para controlar a VBG durante o confinamento social”.
O ICIEG garante ainda que, desde o início da pandemia Covid-19, esteve ciente de que em contexto de crise tendem a aumentar as situações de violência doméstica e violência sexual.
“O estado de emergência decretado a nível nacional resultou também no isolamento de muitas mulheres com os seus agressores, o que as vulnerabiliza e desprotege de forma muito mais acentuada”, salienta, completando que, desta forma, as mulheres ficam muito mais expostas à violência em contexto de intimidade, como provam dados oficiais da Polícia Nacional apresentados hoje.
O ICIEG diz ainda que continua apostado em controlar violência nesta época de confinamento social.
Na mesma nota, a instituição congratula-se com o resultado da campanha “Bu ka sta bo só” e enaltece a “articulação fluente” na reposta dada pela PN, centros de atendimento às vítimas e Ministério Público.
O ICIEG diz ainda acreditar que estratégia de combate à violência montada “foi vital” para que Cabo Verde não registasse uma explosão de casos durante o isolamento social.
A mesma fonte avança também que algumas vítimas (mulheres e seus filhos) foram acolhidas nas casas de abrigo e retiradas do agressor da residência.
“O Instituto continua a apelar a tolerância para evitar casos de VBG e aponta agora as suas baterias nas meninas e adolescentes. Com o encerramento das escolas, muitas meninas podem estar a serem forçadas a um intenso trabalho doméstico”, completa.
As Nações Unidas alertam para os inúmeros impactos invisíveis que penalizam, de forma desproporcional, as mulheres e que é necessário considerar na batalha contra a nova pandemia.
Estes impactos, diz a organização mundial, transcendem a esfera da saúde e ramificam-se para as restantes áreas da vida das mulheres, acarretando efeitos relevantes ao nível da sua saúde física e psicológica, segurança e autonomia.
“A pandemia do Covid-19 não é apenas um problema de saúde. É um choque profundo para as sociedades económicas. Alterou, drasticamente, a vida quotidiana. E enquanto todas as pessoas estão engajadas nas medidas de distanciamento social, como acontece em qualquer crise ou pandemia, as mulheres estão sendo afectadas pela Covid-19 de maneiras diferentes e menos visíveis”, finaliza.
Com Inforpress
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