Preços exagerados afetam vendas no Mercado do Platô
Economia

Preços exagerados afetam vendas no Mercado do Platô

No Mercado do Platô, as vendedeiras dizem que as vendas no período do Natal foram “moderadas” e mantêm expectativas cautelosas para a passagem de ano. Para além dos preços exagerados, o país vive um contexto de dificuldades económicas, com baixo poder de compra, que se traduz em fraca afluência de consumidores.

Entre bancas com oferta reduzida e compradores mais seletivos, vendedeiras apontam os preços elevados dos produtos agrícolas, o desemprego e a emigração jovem como fatores que continuam a travar o dinamismo comercial nesta época festiva.

Durante a manhã desta segunda-feira, 29, a agência de notícias cabo-verdiana constatou que a circulação de pessoas no Mercado do Platô foi constante, mas sem grandes aglomerações, com os consumidores a privilegiarem compras pontuais e em pequenas quantidades, sobretudo de produtos essenciais.

Tomate, pimentão, cebola e outros produtos agrícolas continuam entre os artigos mais procurados, embora os preços variem consoante a qualidade e a disponibilidade.

Vendas não foram “grande coisa”

A vendedeira Maria da Moura considera que o Natal decorreu de forma tranquila, mas com vendas abaixo das expectativas habituais para esta altura do ano.

“O Natal não esteve tão mal, graças a Deus. Quem conseguiu, conseguiu. Eu consegui vender um pouco, batata, tomate, pimentão… não foi grande coisa, mas deu para aguentar”, disse à Inforpress.

Segundo a vendedeira, a atual tabela de preços elevada, resulta, sobretudo, das dificuldades enfrentadas pelos agricultores, nomeadamente devido às chuvas irregulares que afetaram a produção e a oferta no mercado.

“O preço exagerado não é culpa só nossa. A chuva prejudicou os agricultores, levou muita coisa. É o preço que está no momento. O tomate está a 800, 700, 500 escudos, depende”, explicou Maria da Moura, acrescentando que a retoma da produção poderá contribuir para uma descida gradual dos preços.

Quanto à véspera da passagem de ano, a vendedeira admite que possa haver algum acréscimo na procura, ainda que limitado pelo baixo poder de compra.

“O Ano Novo tem venda, mas é pouco. É mais para quem tem dinheiro. Tem gente que nem consegue pôr nada na balança”, disse ainda Maria da Moura.

“Quando os jovens vão embora, as coisas ficam mais fracas”

Opinião semelhante é partilhada por Izilita da Veiga, que classifica as vendas do Natal como “mais ou menos” e aponta fatores estruturais para a fraca movimentação.

“Tudo depende do trabalho que as pessoas têm. Muita gente está a emigrar, principalmente os jovens, e isso deixa Cabo Verde preocupado. Quando os jovens vão embora, as coisas ficam mais fracas”, afirmou a vendedeira.

Para Izilita da Veiga, a ausência de emprego reflete-se não apenas no consumo, mas também no ambiente festivo da cidade.

“Aqui, no Platô, o Natal foi triste: pouca venda, pouco produto”, referiu, defendendo maior intervenção do Estado na criação de oportunidades de trabalho.

Relativamente às perspetivas para 2026, ambas as vendedeiras apontam a criação de emprego e a dinamização da economia como fatores decisivos para a recuperação das vendas e para um mercado mais animado.

Desemprego continua a ser principal entrave ao comércio informal”

“Sem dinheiro, não há venda”, resume Izilita da Veiga, ao salientar que o desemprego continua a ser o principal entrave ao comércio informal.

Apesar das limitações registadas, as vendedeiras do Mercado do Platô mostram-se esperançosas de que a passagem de Ano possa dinamizar as vendas, salientando, contudo, que uma retoma consistente dependerá de melhorias concretas na economia e na criação de emprego em Cabo Verde.

A recuperação das vendas, segundo apontam, está intimamente ligada à estabilidade económica, ao aumento do poder de compra e à capacidade das famílias de participarem plenamente nas festividades.

C/Inforpress
Foto: DR

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