Será que Jorge Carlos Fonseca não quer descer na mata, ou quer apenas sacudir a água do seu capote no que respeita ao Status of Forces Agreement (SOFA), enquanto aguarda as cenas dos próximos capítulos?
Porquê? pergunta o leitor. Ora, aqui está! Ulisses Correia e Silva encontra-se nos Estados Unidos para uma série de actividades políticas, entre as quais a assinatura, no dia 24 de Setembro, em Washington, do acordo SOFA (em inglês -Status of Forces Agreement), que define o estatuto das Forças Armadas Norte-americanas em território cabo-verdiano, por ocasião de exercícios militares conjuntos.
Para nós, simples mortais, este acordo, que acaba mexendo com a segurança e soberania nacionais, e a nossa relação com o mundo, é fruto de um amplo consenso entre os palácios do Plateau e da Várzea. Enfim, entre os homens do poder!
No entanto, para nosso espanto e desconforto, o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, veio hoje a terreiro afirmar que não houve um consentimento prévio sobre o acordo SOFA (Status of Forces Agreement) que o Governo cabo-verdiano vai assinar em Washington.
E disse ainda o Presidente da República que este não consentimento prévio não é bom, sobretudo nesse tipo de questões.
Misterioso, não querendo chamar as coisas pelo nome – o que por si só já é grave, sendo o Presidente da República um órgão do poder do Estado – Jorge Carlos Fonseca adverte que, “sendo o nosso sistema de Governo como é, e em matérias que exigem intervenção de diferentes órgãos de soberania, cada um com as suas competências, é sempre prudente e positivo que haja alguma concertação”.
Para o mais Alto Magistrado da Nação e Comandante Supremo das Forças Armadas de Cabo Verde “não é bom que o Governo assine um acordo, o Parlamento aprove e não haja ratificação e o acordo não vigore”.
E mais não disse! Por exemplo, não disse se queria com estas palavras dizer que não vai ratificar o acordo; não disse se queria com estas palavras mostrar o seu eventual desconforto em relação a este acordo; não disse se queria com estas palavras reprovar as acções do Governo. Enfim, não disse o que devia dizer para nós, simples mortais.
E criou um grande equívoco na nossa cabeça. Mas porque será? Será que Jorge Carlos Fonseca não quer descer na mata, ou quer apenas sacudir a água do seu capote, enquanto aguarda as cenas dos próximos capítulos?
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