TACV: Saem uns, entram outros, para ficar tudo na mesma?
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TACV: Saem uns, entram outros, para ficar tudo na mesma?

Em funções desde junho do ano passado, o economista Pedro Barros deixa o cargo de PCA da TACV – Cabo Verde Airlines. Com ele saem outros membros do Conselho de Administração. A decisão é do governo, mas, nos bastidores, já se comentava que Barros tinha manifestado a intenção de sair, uma versão que é confirmada por fontes do Santiago Magazine, considerando que, até pelo histórico da própria empresa, suspeita-se que ficará tudo na mesma.

A queda do Conselho de Administração (CA) era já previsível em meios ligados ao transporte aéreo e à TACV. A instabilidade nos voos domésticos, registada nas últimas semanas, ditou a queda anunciada, para mais num contexto em que a empresa estava passando por “uma grande guerra por causa dos novos ATR”. Ainda segundo a nossa fonte, Pedro Barros e a equipa técnica estavam, pelo menos desde a última segunda-feira, “de costas voltadas”.

O anúncio da demissão foi feito na noite desta terça-feira, 03, pelo ministro do Turismo e Transportes, José Luís Sá Nogueira, que substituiu Olavo Correia na tutela “de facto” da TACV, durante uma entrevista ao Jornal da Noite da TCV.

Questionado sobre se Pedro Barros teria pedido a demissão, Sá Nogueira negou, mas a verdade é que o ainda PCA da TACV teria manifestado essa vontade, embora não a tivesse formalizado para não criar constrangimentos ao governo.

No que respeita aos membros do atual CA, o ministro deu a entender que não sairão todos, podendo haver trânsito para a próxima equipa de gestão.

Normalização da anormalidade

José Luís Sá Nogueira avançou na referida entrevista que considera “normal” a avaria simultânea em duas aeronaves ocorrida nos últimos fins-de-semana. E anunciou que a empresa irá começar a operar, durante este trimestre, com dois ATR. De todo o modo, este incidente  - mais um de entre vários que têm afetado a empresa - colocou na opinião pública a suspeição de que estaria em causa a segurança dos passageiros, por razão de eventuais deficiências na manutenção das aeronaves.

Havendo, ou não, razões para essa suspeição, a verdade é que os reiterados incumprimentos da companhia têm vindo a afetar a sua imagem pública, cujo exemplo mais recente foi o anúncio feito pelo próprio PCA, no dia 25 de agosto, ao garantir que as ligações interilhas já tinham sido retomadas. Um anúncio que, como se sabe, não se veio a confirmar.

Incumprimentos abalam imagem da empresa

Embora o ministro do Turismo e Transportes tenha afiançado que os processos decorrentes da aquisição das duas aeronaves anunciadas já terão sido “praticamente aprovados pela Autoridade Aeronáutica Civil”, a verdade é que o histórico de incumprimentos da empresa não abona as declarações do ministro, mesmo que ele esteja convencido do que garantiu.

O mesmo em relação à garantia de José Luís Sá Nogueira sobre a intenção do governo em retomar os voos para os Estados Unidos da América, uma reiterada promessa de Ulisses Correia e Silva nunca cumprida.

A sequência de promessas não cumpridas e a situação caótica da empresa (uma circunstância mais ao menos permanente), levam as nossas fontes a admitir que nada de substantivo irá acontecer à empresa com a dança de cadeiras: “Saem uns, entram outros, para ficar tudo na mesma”, porquanto “o problema de fundo tem a ver com a estratégia do governo em matéria de transportes, as pessoas não acham estranho que nenhuma das intervenções na empresa tenha dado certo?” – fica a interrogação.

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Redação