
Com défice de mão-de-obra e os mecanismos de prestação de pensões em derrocada, o governo de Giorgia Meloni viu-se “in extremis” na obrigação de recorrer a imigrantes. É o discurso anti-imigração a morrer pela boca da extrema-direita, demonstrando que as narrativas de ódio não se sustentam logo ao primeiro embate.
Falta de mão-de-obra e caos no sistema público de prestação de pensões obrigaram o governo de Giorgia Meloni a recuar numa das suas mais expressivas bandeiras eleitorais: as políticas anti-imigração e o discurso do ódio.
Na origem do caos estão a descida galopante da taxa de natalidade, tendo por consequência o envelhecimento da população, mas também a desenfreada emigração da população, principalmente a mais jovem, gerando a maior crise demográfica em Itália fora de um contexto de guerra.
Trata-se da contradição insanável entre as narrativas contra os imigrantes e a necessidade extrema de sobrevivência da economia e da própria sociedade no seu todo, precisamente através da atração de imigrantes e de mão-de-obra estrangeira,
O governo de Meloni, uma coligação de extremistas entre os Irmãos de Itália (partido neofascista), a Liga (extrema-direita) e a Força Itália (direita radical) – ironia das ironias -, conhecido pelo discurso anti-imigração viu-se obrigado a abrir portas a pessoas provenientes de países que não pertencem ao espaço Shengan, anunciando, recentemente, para o efeito, que emitirá meio milhão de vistos de trabalho para suprir escassez generalizada de mão-de-obra, entre 2026 e 2028.
Foto: Hannes P. Albert/DPA/ABACAPRESS.COM
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